Amigos da pirataria Alada ....meu cordial ...Olá
Hoje como um Pirata retirado das atividades aladas , me
dediquei a atividade de adoração ao astro rei, na minha praia predileta , a de
Santos. Peguei minha Beach Bag e fui para a praia do Boqueirão. Estiquei a
cadeira e ouvindo um Rock and Roll no fone de ouvido ,me instalei na cadeira de
praia. Não sei quanto tempo se passou quando senti uma sombra persistente que
me incomodou. Abri um olho ( o bom) e me surpreendi. Era o Veterano :
“ que vida mansa ..heim Pirata!!?” disse ele com ar de
irônico de desprezo pela minha atitude de vagabundo.
“ e você passeando na praia a essa hora ? ... vai trabalhar
que o país já está cansado de vagabundagem “ .... repliquei imediatamente.
Rimos muito e ele se instalou ao meu lado. Abrimos uma
Budweiser , brindamos e eu comecei a falar depois um belo gole:
“ Cara...acho que dei uma cochilada e sonhei . Sonhei que
tinha passado no concurso para O Colégio de Pirataria da Enseada Batista das
Neves em Angra dos Reis. Meu pai o Alado Pirata, já que era um aviador que
navegava , as vezes num hidroavião Catalina, feliz me deu um “Fuscão “ de
presente.
Aos 16 anos eu e meu Fuscão iniciamos a nossa aventura em
Angra dos Reis em 1971. La chegando fiquei muito preocupado com o Colégio de
Pirataria. O prédio era
isolado,
quadrado , com uma única saída controlada. Seria um internato de 2 anos. Logo
que chegamos , um Pirata instrutor oficial percebendo minha frustração se
antecipou e disse : garoto !... pela sua cara você vai tentar fugir . Saiba que
as fugas são incentivadas , afinal você está sendo preparado para ser pirata !
No entanto saiba que a fuga é válida ... desde que
“Não
Seja Pego durante a fuga... mas se for, a punição será exemplar. Faz parte do
seu aprendizado”.
Naquele momento pensei :
Eu vou fugir... e ninguém vai me
pegar ! e a partir dali me dediquei ao planejamento.
Dediquei os primeiros 6 meses no Colégio a adaptação e
observação. Nesse período , nos finais de semana , ia a cidade de Angra e lá
conheci a parte divertida da Pirataria... O Farracho , era o “antro” noturno que juntava
a juventude da pirataria a juventude das aprendizes de Sereias num mesmo
ambiente movido a muito Rum. Percebi que para atingir o meu objetivo de “fuga
sem ser pego” precisaria formar uma pequena gang do bem. Assim iniciei uma
parceria com a aprendiz de Sereia , conhecida na área como Flor. Firmei amizade
com um colega do Colégio , o Paul Pilot, que acabou se tornando meu parceiro de
toda vida. A logística para o plano de fuga já estava montada. Agora precisaria
encontrar uma forma de sair do prédio quadrado, com uma única saída policiada,
sem levantar suspeita. Conseguindo isso teria acesso ao meu Fuscão que estaria
estacionado na avenida em frente ao Colégio , que era de tráfego público.
Percebi que fora do quadrilato policiado havia um
instalação chamada de “Grêmio Cultural”. Nele havia uma pequena sala, destinada
a confecção de uma revista chamada “ A FRAGATA”, e um jornalzinho chamado “ GINGILIN”. Essas
publicações era dirigidas por um aprendiz de pirata do segundo ano , portanto
meu veterano. Isso seria um problema se esse veterano não fosse um conterrâneo
paulista da terra dos Bandeirantes , como eu, o Favi. Isso ajudou muito na aproximação para
que, usando a minha pouca capacidade de desenhar, me candidatasse como
“desenhista" do jornal GINGILIN. Após um rápido teste , fui aceito e assim me
tornei o desenhista oficial do Jornal GINGILIN, e mais importante que isso,
adquiri o direito de sair do quadrilato policiado a qualquer hora ...para
trabalhar no “jornal quinzenal” do Colégio de Pirataria. Agora como “artista”
adotei o pseudônimo BARREIRA para assinar minhas obras artísticas. Criei o
personagem que encarnava o pirata aprendiz “Zi”.
Mesmo com a censura da época ,
o Zi , era um piratinha “cabeludo” (Como deveria ser . Talvez por isso não
tenha sido censurado em 1971. Vai saber). Era tudo que precisava para ter
acesso ao Fuscão.
Realizei a minha primeira fuga teste já no final do ano quando
já era reconhecido por todos como “Barreira o desenhista do GINGILIM 71”. O
resultado do teste foi perfeito, o que
me incentivou a diversificação de novos métodos seguros de fuga . Meu amigo
Paul Pilot , me dava cobertura interna em qualquer necessidade e a Sereia
aprendiz Flor de Campos , me dava apoio logístico externo.
No curso curricular tudo correu bem com uma pequena
dificuldade na matéria do Idioma Britânico, porque afinal , pirata que é pirata
, tem que se comunicar em inglês. Eu e o Paul sofremos um pouco, mas no fim
tudo deu certo , passamos para o segundo ano.
No segundo ano , agora como pirata aluno veterano ,
continuei com minha atividade artística , Barreira, o desenhista .Me tornei
Diretor da revista “A FRAGATA” ( o que me ajudou ainda mais a justificar minha permanência
fora do quadrilato policiado). Descobri
que participar da equipe de Voleibol me daria novas oportunidades de fuga.
Tínhamos jogos em outras cidades e isso facilitou fugas nos finais de semana. O
Paul Pilot , que era da equipe de Basquetebol me acompanhava em alguma
empreitadas. O ano de 1972 passou rápido depois de algumas emoções em fugas não
muito bem planejadas , que foram superadas com ajuda do inseparável Paul Pilot.
Depois de vários volumes de “GINGILIM 72 “ e da impressão da FRAGATA, nos
formamos no Colégio de Piratas , sendo promovidos a Aspirantes da Academia de
Piratas de Villegagnon , no Rio de Janeiro .
O problema aumentou quanto as fugas . deixamos um quadrilato
fechado para uma ILHA , com uma única saída por uma ponte vigiada. Voltaríamos
a ser calouros , o que seria mais um problema. Tive que me concentrar para
desenvolver novas técnicas de fugas seguras.
Aproveitando as experiências vitoriosas do Colégio , e considerando
que na academia também existia uma revista “ A GALERA “ e um jornalzinho “
Villegagnon “ , me candidatei e fui aceito pelo meu “curriculum” .
Mantive o
pseudônimo BARREIRA. Só tinha um problema : a redação desses novos periódicos
continuavam na ILHA ... com uma única saída por terra. Não seria mais um bom
argumento para fuga da ILHA. O FUSCÃO , que me acompanhou, agora ficava
estacionado numa das bordas da ILHA, sofrendo com a maresia das águas salinas
que quebravam nas pedras próximas. Nós chamávamos o local de estacionamento de
“Paiol de Ferrugem “ . Era um lugar isolado , longe das vistas do
“policiamento”. Isso despertou o meu interesse , e assim passei a estudá-lo.
Cheguei a conclusão que a melhor forma de sair da ilha ,
seria pela via marítima. Para tal havia duas formas : ou nadando , ou
navegando. A primeira foi descartada porque eu sabia nadar, mas não era nenhum
“tubarão”. A outra forma seria navegando e para isso precisaria de uma
embarcação. Me candidatei para a equipe de Vela. Nunca havia velejado na vida .
Como calouro fui aceito inicialmente , para “lavar” barcos. Seria um
planejamento a longo prazo.
Enquanto o plano de fuga marítima
se desenvolvia lentamente , me dediquei a opção terrestre. Conclui que o Fuscão
desempenharia um papel fundamental. Eu teria que sair no porta -malas mas
de um FUSCA ? Seria impossível ! Não era ! . Nos meus momentos de folga eu , e
meu biótipo magro e flexível , desenvolvemos um método de contorcionismo que depois
de algum tempo provou ser eficaz . O método já estava desenvolvido :
“porta-Malas “. Agora só faltava um , “condutor autorizado”. Como encontraria
essa peça-chave do plano , que fosse confiável o suficiente e corajoso para
aderir ao meu, arriscado, plano .
“Não Seja Pego durante a fuga... mas se for, a
punição será exemplar. Faz parte do seu aprendizado”. ...essa frase dita no meu
primeiro dia de Pirataria , não saía do meu pensamento.
Comecei a perceber que alguns
Aspirantes a Pirata , quando iam para consulta medica na enfermaria da ILHA,
dependendo da gravidade da enfermidade, recebiam um papeleta, assinada por um médico,
que autorizava o jovem Aspirante a se dirigir ao Hospital Central da Pirataria
, no Centro do Rio de Janeiro , próximo ao cais do Porto , como convinha a
qualquer Pirata. Aí estava a solução do meu problema!!! Só precisava um
Aspirante enfermo autorizado que soubesse dirigir e disposto a se arriscar na
aventura.
O primeiro teste ocorreu com o
Aspirante cearense Little Baku. Tudo ocorreu bem e consegui a minha primeira
fuga vitoriosa da ILHA. O método ainda necessitava de ajustes , como o local de
desembarque do porta-malas , sem levantar suspeita. Esse problema foi resolvido
por uma determinada vaga coberta pela folhagem de um ”chorão” do estacionamento
do MAN (Museu de Arte Moderna ) do Rio
de Janeiro , no aterro do Flamengo.
Tudo mudou , quando jogando
voleibol no horário de recreação, torci o tornozelo e fui levado para
Enfermaria da ILHA. Fui atendido por um oficial pirata medico Dr Paul Nielsen,
ortopedista. Ele me analisou e chegou a conclusão que eu necessitaria de uma
radiografia no Hospital Central. Pegou um bloco de papel , preencheu umas palavras
, estampou um carimbo com seu nome e assinou por cima “Paul Nielsen”, puxou o
canhoto e me entregou. Ele não entendeu porque sorri , mesmo sentindo a dor lancinante
da torção. O Dr deixou o bloco numa
prateleira repleta de blocos iguais e foi buscar alguns analgésicos na sala ao
lado. Foi o tempo suficiente para eu me apossar de um bloco como “souvenir”.
Não faria falta para o Doutor Pirata Paul, mas poderia resolver o “problema” de
vários Aspirantes Piratas isolados naquela ILHA.
A partir desse dia eu iniciava um
novo plano de fuga. O ano de 1973 já havia passado . Em 1974 eu já era um Aspirante
Pirata do segundo ano (não era mais calouro). Já começava a velejar em barcos
Soling numa tripulação de 3. Paul Pilot e Lis das Montanhas, eram os outros
Aspirantes piratas da tripulação e do camarote na ILHA que era completo pelo Aspirante
Pirata Lui Guava. Enquanto aprimorava a minha capacidade de navegar saído da
Ilha , muitas vezes em direção ao Iate Clube do Rio de Janeiro (afinal ali
seriam disputadas as regatas da classe Soling ). Muitas vezes tínhamos que
atracar no Iate Clube para....”descansar” e abastecer o barco ....de vento,
antes de retornarmos para a ILHA.
Nessa época passei a ter a importante
companhia da aprendiz de Sereia Alic Mary, filha de um grande Pirata que
comandou a “ Capitânia NAU Tamandaré” em 1972, meu aparentado no qual me inspirei para adotar
o pseudônimo Barreira. Em função dessa aproximação fui incentivado a aprimorar
minhas técnicas de fuga. Agora tinha mais um fator motivador
Enquanto produzia o Jornal
“Villegagnon” da ILHA , treinava minha habilidade artística desenhando o
personagem “KATRAKA”... um pirata atrapalhado , e ao mesmo tempo tentava
produzir uma assinatura semelhante com o nome “ Paul Nielsen”. Fui premiado
pela perseverança e finalmente consegui produzir uma assinatura perfeita , que
eu executava com mais facilidade do que , a minha própria assinatura. Era um
crime , mas que seria usado apenas para boas causas , como é de praxe na
Pirataria do Bem para a qual eu estava sendo formado. Dando sequencia ao plano ... mandei
confeccionar um carimbo no comercio com as mesmas características do carimbo
que constava na minha papeleta de licença medica . O carimbo ficou perfeito e
primeiro teste foi aprovado . Saí da ILHA dirigindo o meu FUSCÃO com uma
licença medica assinada pelo Dr Paul Nielsen , confeccionada por mim mesmo.
Ponto para minha fuga perfeita,
Eu não podia abusar do sucesso. Se
fizesse isso , em algum momento , a fiscalização da ILHA desconfiaria da minha
condição sanitária. Assim dividi meu plano com parte da comunidade de Aspirantes
Piratas . Promovi audiências particulares para avaliar a real necessidade de
usar a minha “Licença Medica assinada pelo Dr Paul”. Em caso de necessidade ,
eu pegava carona no porta-malas do meu carro , de algum dos aprovados nas
minhas audiências particulares que serviam de motoristas.
Em 1975, tudo corria bem nas
minhas fugas. No terceiro ano da Academia , já éramos veteranos. Eu já sabia
velejar , assim como os amigos Paul e Lis . Assumimos comandos de Soling e
disputávamos regatas, mas ainda podia melhorar. As fugas ocorriam com
tranquilidade , quando necessárias, mas tínhamos que ficar atentos as outras
matérias . Afinal todo bom Pirata tem que ter conhecimentos variados do Tipo
“Engenharia Mecânica”. Matéria como mecânica dos fluidos , resistência de
materiais, cálculo exigiam , as vezes , mais que ... fugas. Tudo bem, ... as vezes a gente treinava um pouco “fuga”
para comprar um sanduiche de atum e uma coca cola, fora da ILHA, para ajudar no estudo
de outras matérias.
Chegou 1976. O último ano na ILHA
e fase final do nosso aprendizado. As fugas tornaram-se desnecessárias (troquei o FUSCA por um BUG). Como
quarto anistas , éramos “donos” da ILHA . O internato passou a ser flexível
para nós. Eu já me considerava formado em “FUGAS”. Só usaria meus conhecimentos
adquiridos nessa matéria em caso de necessidade real , durante a vida de Pirata
Profissional.
Nosso instrutor de “vela” , um
Pirata Fuzileiro (Tio Bio ), muito amigo de uma família Viking que habitava o outro lado
da Bahia de Guanabara, conseguiu que esses Vikings aceitassem nos treinar na
arte de velejar e assim nosso barco “ITAIPU “ foi transferido para Niterói.
Isso facilitou o nosso distanciamento da ILHA. Íamos treinar com os melhores do
mundo na arte de velejar .... os Vikings Smith & Grael. Isso acabou
resultando num 5° lugar no Campeonato Brasileiro e uma vitória na 7° regata do
Campeonato Sul-Americano de Soling. Resultados , muito acima do esperado, para
um pirata que aprendeu a velejar apenas para executar “fugas” de uma ILHA.
O ano terminou com a nossa
formatura. Recebemos nossa espada de Pirata. O diploma que não deixa duvidas
sobre nossa capacidade de fazer TUDO ,... até NADA ( se for necessário).
A revista “A GALERA” foi impressa
e distribuída no tempo certo. Tivemos um Baile de Formatura onde participei da organização.
Nos apresentamos na NAU Custodio de
Mello para uma viagem de instrução de 9 meses pelo mundo. Colocamos em pratica
nossos conhecimentos de navegação astronômica e fomos apresentados ao mundo
como “ os novos Piratas Brasileiros “. Em 1977 a pirataria internacional deu Boas-vindas
, à COMUNIDADE.
No regresso empunhei minha espada
e me uni a Sereia Alic Mary para começar uma vida exótica de Pirata Amazônico. Foi
um experiência única. Conheci piratas de todas as formas existentes . Desde
Bons até Maus piratas.
1979 o ano que mudou a vida do
Pirata. Nasceu o primeiro descendente Piratinha Denis o Travesso, e iniciou a
formação daquilo que me tornei : “ O PIRATA ALADO “
Em 1980 recebi as asas de fato e
comecei a voar pelo mundo. Conheci e me aliei a grandes piratas Alados do bem .
Pirata Lima Boleiro Laranjeiras e Pirata Barba Russo. Aprendi tudo com esses
caras , principalmente na “Caverna do Lince” , para onde fui enviado pelas
Autoridades da Pirataria. Tive oportunidade de pôr em pratica tudo que aprendi
na Academia e na Escola de Alados. Foram anos intensos.
Em 1983, outra grande alegria. A Sereiazinha
Danica
embelezou a vida do Pirata Alado
e da sereia Alic Mary, formando um par perfeito com Piratinha Denis o Travesso.
Acabamos todos transferidos para França onde vivemos novas experiências, que
marcaram nossas vidas.
Em 1989 , já de volta ao Brasil,
foi quando as coisas começaram acontecer e que me obrigaram a fazer a “Confissão
do Pirata “.
Comecei a ouvir vozes ao longe que
diziam “ .... é a última volta ....AL UNSER bateu no muro .... está fora prova
.... EMERSON FITTIPALDI... é o Campeão das 500 Milhas de INDIANAPOLIS!!!”.
Gosto de corridas de carro e
fiquei feliz ao ouvir esse anúncio. Tentei abrir os olhos para ver de onde
vinham as vozes ... e senti um certo desconforto. Percebi que apenas meu olho
esquerdo percebeu uma certa claridade através de uma fresta . O olho direito continuava no breu. Tive uma sensação ruim e tentei me levantar. Senti muita
dificuldade e senti dor em várias partes com o esforço. Tentei falar e percebi
que minha boca estava tampada por algo que parecia um pano. Eu não estava
entendendo nada do que estava acontecendo. Me esforcei mais ainda e mesmo com
dor consegui ficar de pé , meio tonto. Pela fresta do olho esquerdo , percebi
que estava num quarto de Hospital e uma televisão estava ligada. Não conseguia
imaginar como havia chegado naquele local. Consegui ´perceber que meu braço
esquerdo estava todo enfaixado assim como a minha cabeça. Meus movimentos eram
restritos. Identifiquei uma porta de banheiro e me esforcei em atingi-la , no
que tive sucesso me apoiando nas paredes. Ao entrar no banheiro me deparei com
um espelho que mostrava uma múmia apoiada no batente da porta. Levei um susto.
Minha cabeça começou a rodar e conclui que a Múmia ... era eu !!! .
Alguém entrou no quarto e me
segurou delicadamente dizendo : “vem pra cama e deita” . Era a Sereia Alic ,
minha companheira de vários anos , mãe do meu casal de filhotes. Apoiado por
ela me deitei novamente. Consegui balbuciar alguma coisa por entre a bandagem
que cobria a minha boca perguntando o que havia acontecido.
“ Você teve um acidente de carro,
atropelou uma vaca na estrada e estava em coma induzido pelos médicos” ... Alic
me respondeu com sua calma habitual.
“Onde estou ?” ... perguntei
Nisso entrou uma enfermeira que
respondeu.
“ Você está em São Paulo , num dos melhores
hospitais referencia de traumas ortopédicos, fique tranquilo “.
Minha cabeça entrou em pânico .
“como eu iria pagar um hospital desses ? não tinha plano de saúde e nem
dinheiro para bancar esse estrago todo “!
Aos poucos Alic foi me
esclarecendo , com calma o ocorrido
percebendo minha aflição.
Eu havia atropelado uma vaca
preta numa estrada vicinal do interior de são Paulo próximo a Sorocaba, durante
a noite. A vaca entrou pelo para brisa , da minha Parati recém adquirida no
regresso da França. Eu perdi o controle do carro e capotei para fora do
barranco e fui socorrido pelo caminhoneiro que vinha no sentido contrário e
presenciou o acidente. Fui levado para um pronto socorro de Sorocaba . A
enfermeira que atendeu no pronto socorro, encontrou a minha identidade de Pirata profissional e
ligou para o marido que era um Pirata Subalterno que servia num projeto, confidencial
,que se desenvolvia num centro Tecnológico da pirataria Naval, próximo a
Sorocaba. La , a Pitaria desenvolvia um Submarino de propulsão nuclear, daí ser
um projeto “meio secreto” da pirataria Naval. O marido da enfermeira imaginou
que fosse um Pirata do centro tecnológico e ligou para o seu Diretor . Esse
Diretor , preocupado , providenciou a minha remoção do pronto socorro para um
Hospital de Referencia, em São Paulo, dada a gravidade da minha situação. Os
custos iriam ser cobertos com verba especifica do projeto, “meio secreto” para
esses casos emergenciais , já que não existia na área, Hospital especifico da
Pirataria Naval.
Fiquei um pouco mais tranquilo, mas não muito.
Não era justo eu ficar ali. Queria ir para o meu habitat natural, o Hospital do
pirata Marcilio Dias , no Rio de Janeiro.
No dia seguinte. fui visitado
pelo Diretor do Centro Tecnológico que me acolheu. Agradeci e explicitei minha
vontade de ser transferido para o Hospital da pirataria no Rio. Ele entendeu as
razoes da minha vontade e disse , que eu seria transferido assim que tivesse
condições medicas para tal.
Fiquei sabendo também que meu
amigo Pirata Alado Barba Russo teve participação ativa na comunicação do
ocorrido e providencias necessárias ao encontro da Sereia Alic Mary com a múmia
piratesca, em que eu tinha me tornado.
Eu não me lembrava de
absolutamente nada que envolvia o acidente , e não lembro até hoje , por mais
esforço que tenha feito.
Uma semana depois daquele 28 de
maio de 1989 , ( data da primeira vitória de Emerson Fittipaldi nas 500 Milhas
de Indianapolis ), fui autorizado a me internar no Hospital do Pirata Marcilio
Dias, no Rio de Janeiro. Antes , ainda em São Paulo , perguntei a um medico
ortopedista “figurão”, sobre minhas possibilidades de voltar a voar , já que
minha mão esquerda tinha sido “moída” pelo impacto da vaca na mão esquerda que segurava com firmeza o
volante na hora. A resposta foi:
“ pode tirar o cavalinho da chuva porque você
perdeu a movimentação do punho esquerdo, voar ... nunca mais”.
Fiquei muito triste e tentei me
consolar : Pirata continuarei sendo ... agora ... sem asas.
No Marcilio Dias fiquei sabendo
que minha mão esquerda sofreria uma operação ortopédica, para tentar
reposicionar os ossículos pretendendo me proporcionar um mínimo de movimentação
do punho. Fiquei feliz com a notícia . Não tirei “os cavalinhos da chuva “ como
o “figurão” medico paulista me recomendou. Criei esperança na capacidade da
medicina piratesca.
Chegou o dia da Operação. Fui
todo devidamente preparado , por toda uma equipe cirúrgica e alertado
pelo anestesista já com a agulha na mão que eu seria anestesiado geral e que
não sentiria nada. Quando ele se preparava para aplicar a anestesia , entra na sala ... ele ... o cirurgião que ia arrumar os meus ossos da mão. Fiquei pasmo
!!! e gritei “PARA TUDO”,😲
Era o Dr Paul Nielsen.
“Tenho que me confessar !!” ...
disse em tom autoritário na sala de cirurgia. A equipe atônita sem entender nada
não se moveu,
“ preciso de uma caneta ou lápis rápido
para fazer uma confissão”
Não sei como , uma caneta e um
pedaço de papel apareceram rapidamente na minha mão direita , sem problema . Me
posicionei de forma a apoiar o papel e executei a minha ,
“ Confissão do Pirata “.
Assinei com propriedade a minha
velha conhecida assinatura : “ Paul Nielsen “
Mostrei o papel para o atônito Doutor.
A sala sem entender ficou muda.
Me deitei e autorizei o
anestesista a executar o seu trabalho . Olhei para o Doutor Pirata Paul Nielsen
e disse :
“Se eu voltar da anestesia
contarei toda história dessa confissão , mas saiba que estou agradecido por
tudo que o senhor já fez e ainda fará por mim. Agora pode operar tranquilo , eu
estou muito mais tranquilo , confiante e
aliviado”.
A operação se realizou, eu voltei a vida quando a anestesia passou . Contei
toda história da minha CONFISSÃO para o Dr Paul. Rimos muito , afinal pirata
... é pirata. Uma semana depois obtive
alta. Fui transferido para o Centro de Instrução de Pirataria Alada em São Pedro da Aldeia.
Seria o encarregado da formação dos novos Piratas Alados . Conheci a
fisioterapeuta Maria Pirata que me colocou num duro tratamento intensivo. 3
meses depois com algum movimento na mão consegui me requalificar na Toca dos
Linces. Voltei a voar e não precisei “tirar os cavalinhos da chuva”.
9 anos mais tarde fui nomeado
Comandante dos LINCES Alados... e hoje perdi as contas de quanto já voei
.....sem NUNCA ter sido pego nas minhas FUGAS,,,,,.e aí ACORDEI do sonho"
😂😂😂😎😎😱😱😍😍😍😍😍
Quando parei de falar , percebi que
já estava escuro .. e do nosso lado , jaziam várias
garrafas de Budweiser,,,,vazias.... na praia... e o VETERANO me disse :
“ Pô... Pirata... vou publicar
essa história “
Não precisa não, eu já publiquei
no meu Blog “ Aventuras do Pirata Alado”
HOMENAGEM à alguns Piratas Alados que de alguma forma ajudaram a construir essa "estória"