segunda-feira, 7 de julho de 2025

VETERANO ... e o ESPORTE (nos anos de chumbo )



 


Amigos da Pirataria Alada , bom dia. 

Hoje acordei com lembranças “esportivas “ depois de ter acompanhado , pela televisão ,  a vitória do Fluminense ( que considero “meu time” porque foi o único clube de futebol do qual fui “sócio” por algum tempo ) e da derrota do Palmeiras , time de preferência da Sereia ( mesmo ela sendo “santista “ por nascença ... vá entender !!! ) , na fase quartas de final da milionária “Copa do Mundo de Clubes “.


Sereia Lincete...palmeirense ! 😂😍😘


Não sou um “torcedor fanático” do atual esporte profissional controlado por mídias variadas onde o que vale é o “valor” das premiações e o tempos de exposição “ marqueteira “ , em detrimento de sentimentos nacionalistas. Não sou contra ... só não gosto . Como VETERANO convicto , fui criado e me desenvolvi esportivamente , sob diferentes influencias durante os chamados “ Anos de Chumbo no Brasil “. O meu sentimento nacionalista (Pra Frente Brasil) _ prevalecia aos interesses  pessoais / econômicos dos midiáticos políticos que judicialmente controlam a  questionável “ democratura”, considerada “ pária “ pelos poderosos sobre a Politica Estratégica atual , no cenário mundial. No entanto, o assunto do momento , não é Politica ...e sim o Esporte!


Meu contato com o “esporte em geral “ começou em torno de 1962 , quando a Seleção “canarinho” de futebol se sagrou Bicampeã de futebol e começava a consagrar um moleque escurinho que servia ao Exército , que chamavam de Pelé. ( ele também acabou se tornando Bicampeão de clubes ... fazendo do Santos FC... um time do interior , internacionalmente conhecido como ...“melhor time do mundo” ).

Nessa época eu completava 8 anos de idade e morava no Parque de Aeronáutica de São Paulo ( mais conhecido como Campo de Marte ). Meu pai, era um oficial especialista em motores ( não aviador). Ele  ( caipira do interior de família do agronegócio da época havia ingressado na FAB, no final da Segunda Guerra) , servia no Campo de Marte desde 1954 , quando nasci . Nunca foi um grande esportista . Como especialista em motores , gostava de “ corridas de motos e carros” pouco famosas na época. Meu pai se deslocava pelo enorme  Parque de Aeronáutica , pilotando uma moto Jawa oficial da FAB , que teria vindo dos Estados Unidos , juntamente com alguns aviões (sobras de Guerra).


Naquela época ( 1962 , por influência da vitória da Seleção Canarinho) foi programada uma partida de futebol no Campo de Marte , entre o Parque de Aeronáutica e a Base Aérea de Cumbica. Meu pai foi escalado como goleiro (por falta de outra opção disponível). Eu me senti orgulhoso (no alto dos meus 8 anos recém completados) e fui assistir , juntamente com meu padrinho Elito , carioca e atleta benemérito do Fluminense, ao meu pai desempenhando uma função importante na atividade esportiva que enaltecia o Brasil no mundo inteiro . Olhos fixados no meu pai (guardião do Parque) da “ meta “ adversária do inimigo ... as redes do GOL  do Parque .... até que aconteceu uma surpresa :



Depois de alguns minutos de bola rolando, o goleiro de Cumbica bateu um “tiro de meta “ ( com força desproporcional ) que cruzou todo o campo de jogo , a bola quicou dentro da grande área do time do Parque e encobriu o goleiro ... “Meu pai “ ( que nem tocou na bola ). Eu surpreso , fechei os olhinhos envergonhados, mas escutei quando a plateia revoltada exigiu a substituição imediata do goleiro...que foi realizada . Essa foi a minha primeira decepção esportiva ( que talvez tenha causado o meu trauma infantil futebolístico ).



Meu pai triste por este evento , e amante de motores , me presenteou no ano seguinte , quando completei 9 anos , com uma “ moto  Indian. Papoose “ de 90 cilindradas ! Parecia um absurdo , mas achei muito natural e adorei o presente e passei a me deslocar motorizado aos 9 anos , me tornando um “fenômeno” automotivo entre a ” meninada “ da época (principalmente  , as do gênero feminino ).


Passados mais de 8 anos desfrutando de moradia oficial no Parque Aeronáutico , meu pai foi obrigado a livrar o apartamento que ocupávamos e fomos morar num sobrado em Santana , próximo a unidade militar da FAB , onde meu pai continuaria trabalhando.

Agora em Santana , o tempo foi passando chegando a 1964 . Eu completava os meus 10 anos num país que passou, em março , a ser controlado por “militares patrióticos “ que botaram pra correr (sem darem um tiro sequer) uma cambada de políticos corruptos que se apossaram do país tentando torná-lo um “cachorrinho de madame “ de Estado Social/ Comunista (URSS) do período pós Segunda Grande Guerra , conhecido como Guerra Fria.


Esportivamente, me decepcionei em 1966 , quando pelo radio ( a  televisão ainda não transmitia Copa do Mundo de Futebol) fiquei sabendo que o nosso Pelé , foi “quebrado “por um português em campos da Inglaterra. O Brasil , que já era conhecido economicamente como “Milagre Brasileiro “, saiu da Copa sem conquistar o Tri seguido.



O tempo corria rápido (como eu na minha Indian Papoose ). Meu pai passou para reserva da FAB e foi contratado para ser o Encarregado de Segurança do Jockey Club de São Paulo , depois de ter concluído a reconstrução de um Avião Executivo Aero Commander , de uma Empreiteira da época. Nos mudamos para Pinheiros , próximo ao Jóquei Club de São Paulo . Ele acabou tirando o brevê de piloto de avião e foi contratado pela Empreiteira como copiloto do avião que ele havia reconstruído. 


Nos momentos de testes  pilotando me embarcava e me ensinou a pilotar. Pediu demissão do Jockey Clube.  Como a ” grana “ começou a entrar , ele agora piloto executivo , comprou no Jockey uma “égua’  de corrida profissional que não havia dado o “retorno” esperado pelos proprietários , e me presenteou.

 A “Égua” (como a batizei ) era enorme , linda alazã, mas, treinada para corridas , de difícil controle para somente “passear pelo campo” . Levamos para o nosso sítio em Pilar do Sul que viria a se tornar o meu “Paraiso Perdido “ . Eu adorei ! Se a  Égua gostava de correr ... passei a galopar com ela na pista de pouso que meu pai havia construído no nosso Sítio, onde aprendia a pilotar o Aero Commander. A caipirada da pequena cidade do interior paulista começou a desafiar , com seus “pangarés” a minha Égua e o adolescente “paulistano”, que a conduzia. Cheguei a pensar  em me dedicar ao “ esporte” de “corrida de cavalos” ( bem remunerada) , depois que ganhei uns trocados dos caipiras que tiveram a coragem de apostar contra a Égua . Meu pai me convenceu a entrar para Marinha  ( meu pai estava certo).


Eu fui estudar num Colégio Público de referência de Ensino Publico no Estado de São Paulo , o IEFDP ( Instituto de Educação Fernão Dias Paes ), que consta do currículo de pelo menos um  Presidente da Republica , um tal de FHC , que muitos anos depois começou a “quebradeira” das Forças Armadas , criando o “Ministério da Defesa “ nomeando um advogado ignorante militarmente para chefiar a Pasta ! Mas isso é outra História . O assunto continua sendo ... ESPORTE.



Neste novo Colégio , conheci um dos alunos , cujo pai, trabalhava com a família Fittipaldi no ramo automobilístico. Eu e a minha Papoose, passamos a frequentar o autódromo de Interlagos aos domingos acompanhando as atividades da família Fittipaldi e seus protótipos de corridas.  Passei a adorar corrida de carros (mas na época só corria com a minha Égua).


Eu , então, aluno do IEFDP do FHC me iniciei esportivamente . 


Em 1968 , houve uma competição interna de futebol de salão em homenagem ao Walt Disney ( não sei  o porquê).Os times formados pelos alunos deveriam portar os nomes de personagens de Walt Disney. Havia o time dos Pato Donalds , dos Mickey s e assim por diante . Eu fui convidado pelos “repetentes “ mais velhos da minha sala de aula o 3° C (terceiro ano ginasial ) para atuar como goleiro ( posição traumática da minha infância ). Aceitei , meio por falta de opção, já que meus colegas eram mais “velhos “ ,,, e mais fortes . Eles escolheram um nome de personagem que exprimisse as características do nosso time  e foi assim , que a minha primeira medalha esportiva foi obtida com o time do “Mancha Negra” . Vencemos todos os jogos disputados , sem que eu tenha sido “vazado”, nos tornando Campeões Invictos do torneio Walt Disney . Fui aclamado o melhor goleiro do IEFDP pelos alunos repetentes ( mais velhos e mais fortes). Vivíamos o ano de 1968 e o Brasil se desenvolvia a pleno vapor economicamente atingindo patamares de “sexta economia mundial”. 

Além de bicampeão de futebol , o Brasil ostentava o bicampeonato masculino de Basquetebol,  também ( por incrível que possa parecer hoje em dia ). Os meus colegas do Mancha Negra , também jogavam Basquete disputando o Campeonato estudantil paulista e por causa do meu sucesso como goleiro , me convidaram para fazer parte do time de Basquetebol do IEFDP .


 Eu seria o catador de bolas , durante os treinos, torcedor no banco durante os jogos e jogador nos jogos fáceis , para descansar os titulares . Terminamos o ano escolar , como Campeões estudantis do segundo grau da Capital Paulista e perdemos para Franca ( campeã do interior) , a final estadual . Foi minha segunda medalha esportiva . Dois dos meus colegas de time seguiram carreira como profissionais no esporte , o Caviglia e o Samir . Eu preferi entrar para a Marinha .


Chegou 1970 . Alguns, hoje,  se referem  aquela época como “anos de Chumbo” ! Não me lembro de nenhum “chumbo “ nesse período . O que me lembro foi dos “chumbos “ que a Seleção Brasileira de Futebol distribuiu no México para conquistar o Tri campeonato mundial de futebol , invicta . Eu comemorei meus 16 anos na rua Augusta comemorando o TRI , cantado o “Pra Frente Brasil “. O povo era ... feliz .


Passei no concurso para o Colégio Naval. Meu pai me deu um Fuscão Azul Marinho  0km de presente . Troquei minha Papoose pelo Fuscão , nos meus deslocamentos “estudantis” . Agora seria para Angra dos Reis (um pouco mais distante ) e afinal de contas eu já era muito mais experiente aos 16 anos completos .

Fiquei triste quando soube que meu pai havia vendido a  motoca Papoose ... e a Égua , depois que numa tentativa de montá-la ( era muito alta e arisca) , ele empinou me derrubando de costas no chão  duro no quintal da casa do “meu paraíso “, então com a casa que eu havia projetado , já construída pelo meu pai , que disse:

- Menino ... toma jeito ! você agora só vai correr de “navio” . não precisa mais nem de moto nem de égua de corrida !  (ele esqueceu do Fuscão e as curvas da estrada de Angra dos Reis ...kkk) 



Em 1971 , já Aluno do CN , minha atividade esportiva se iniciou no voleibol . Defendendo a Marinha , frente as coirmãs Escolas Preparatórias de Cadetes EsPCEX (do Exército) e EPCAR ( da Aeronáutica ), além de outras Escolas Civis . Colecionei várias outras medalhas.


Em 1973, me apresentei na Escola Naval. Como jogador de vôlei me animei em saber que o técnico de voleibol da EN , era também, o técnico da Seleção Brasileira de Vôlei masculino , o Fuzileiro Naval Celio Cordeiro . Eu iria ser treinado por um “técnico de seleção brasileira “ . Ledo engano. Quando fomos apresentados a ele , fizemos um rápido teste , fui cortado em função da minha altura e principalmente pela “qualidade” deficiente no esporte. Fiquei decepcionado e preocupado, mas me orgulhei porque alguns amigos de infância , foram selecionados , inclusive o Meneses Cordeiro , que viria ser o 01 (Comandante Aluno ) da minha turma . Não estaria mais ligado a uma atividade esportiva que me permitia competir fora dos muros escolares . Avaliei todas as equipes disponíveis e cheguei à conclusão de que a Vela (ou Iatismo) seria o meu foco ( mesmo sem nunca ter entrado a bordo de uma barco a vela ) naquela época . Meu pai disse que eu só correria de “navio” ... por que não começar com um “barco a vela ?”

A Vela não exigia experiência anterior dos “calouros”, bastava que nós , nos dispuséssemos a lavar os barcos depois dos treinos . Isso eu sabia fazer e me dediquei (investimento de longo prazo ). Estudei o esporte  e descobri que no Brasil havia tri campeões mundiais naquele esporte : Axel e Erick Schmidt. Que moravam em Niterói e se dedicavam a formar jovens para a prática do esporte. Quis o destino que ao longo dos anos , com meus irmãos por opção Paulo Ferraz e Lismar, nos dedicássemos ao esporte , além de habitantes do mesmo camarote, nos anos seguintes de Escola Naval . 


Chegamos a ganhar algumas medalhas em Regatas da Bahia de Guanabara cada qual comandando o seu veleiro Soling , até que em 1976 , último ano de EN , nosso técnico veleiro , Fuzileiro Naval Robson Hasselmann ,( o Tio Bill) conseguiu um acordo com o Axel Schimidt para treinar nossa tripulação do Soling Itaipú numeral  BL -15.

 Iniciamos o treinamento , que por vezes , nos finais de semana  , um sobrinho adolescente do Axel compunha a tripulação do Itaipu . Esse garoto hoje é conhecido pelo nome de Torben Grael , o maior iatista brasileiro , multe campeão mundial e olímpico  , mais um produto dos “ anos de chumbo “ que tornou o país respeitado internacionalmente neste esporte considerado “eletivo “  mas que desenvolve projetos para comunidades carentes .


Naquele ano de 1976 , o Itaipu comandado pelo Axel e tripulado pelos Aspirantes  da Marinha Lismar e Barreira , conquistaram o Quinto lugar do Campeonato Brasileiro da classe Soling . No fim do ano, o ITAIPU foi emprestado para um argentino que havia tido problemas com seu barco, desde que fosse tripulado por pelo menos um brasileiro. Acabou sendo vencedor da sétima regata do Campeonato Sulamericano da classe , representando a Argentina  sob Comando do argentino Jorge Pochat e tripulado pelo argentino Cristian e pelo Aspirante brasileiro  Barreira da EN , portando o numeral argentino  A 11 ( mesmo numeral do nosso Porta Aviões Minas Gerais da Marinha do Brasil ).


Esse troféu representa a consagração esportiva pessoal deste Veterano ... na época dos “anos de chumbo “.

O Voleibol , acabou se consagrando em 1984 , (tendo iniciado a sua formação pelas mãos de Celio Cordeiro , Fuzileiro Naval nos “anos de chumbo”) conhecida como  geração de “Prata” do levantador Bernardinho e companhia.


Como amante de esportes mecânicos , como fui induzido por meu pai , não posso deixar de citar nomes que levantaram a Bandeira do Brasil pelo mundo afora neste tipo de esporte , como Emerson Fittipaldi ( Bi Campeão mundial de Formula 1 em 1972 e 74) 



 e Nelson Piquet ( Tri Campeão Mundial de Formula1 em 1981, 83 e 87).

Nos esportes da moda atual , tipo tênis a Maria Ester Bueno conquistou títulos de Grand Slam em 1964/ 65 e 1966.


Nas “artes marciais” Eder Jofre foi campeão mundial no Box em 1973.

Nos “ Anos de Chumbo”  , o povo brasileiro se acostumou a comemorar brasileiros que se impunham mundialmente em vários esportes . Depois que os “anos de chumbo “ foram extintos , tudo indica que o país que foi conduzido pelas “democraturas judiciais “ por caçadores de marajás , mitos , sindicalistas , antas e outros bichos , além de afundar economicamente preste a deixar o TOP 10 mundial , indicam que esportivamente chamam atenção pela atuação em novos esportes... mais adequados como Skate e Surf . Nos esportes tradicionais como Futebol , Basquete , Tenis , Box ,Atletismo, Natação... e até Corrida de carros , tudo indica que os “novos tempos “não sopraram bons ventos como aqueles que sopravam nos “ Anos de Chumbo “. Sinto saudade do meu pai “goleiro” ... do meu Padrinho Elito que me ensinou a atirar nos stands de tiro do Fluminense ... da minha Indian Papoose...da Égua ...e do  BL 15 / A 11 ITAIPU ... daquele tempo .

Nota do autor :


A primeira medalha olímpica do Brasil foi a de “prata” de Afrânio da Costa (atleta do Fluminense ).


A primeira medalha olímpica de “ouro” , foi de Guilherme Paraense ( oficial do Exército ).

As duas primeiras medalhas olímpicas que colocaram o Brasil no panorama esportivo mundial , foram conseguida na modalidade “ Tiro ao Alvo “ , na Olimpíada de Antuérpia em 1920 . Portanto , o “chumbo” sempre foi motivo de orgulho “esportivo” do Brasil ( mesmo fora dos “anos” dedicados a ele ).

Homenagem ao melhor time de futebol ( fora da Europa ) ... dos anos “ sem chumbo “.

“ Dá-lhe FLU “.


Carinhosos abraços ...do VETERANO Pirata Alado


Jornalzinho produzido pelos alunos do Colégio Naval em 1971 
 ( " Ano de Chumbo" )
 onde dizem que havia censura radical ...
SERÁ MESMO ???