Amigos da Pirataria Alada meu cordial ...."Feliz Ano Novo "
Neste final de dezembro de 2023, após um ... delicioso Natal familiar carioca, já retornando a minha querida praia santista, tentando retomar a rotina de caminhadas meditativas , cá estou novamente "deitando letras na tela".
Hoje resolvi caminhar na praia , depois de uma noite bem dormida , após a noite anterior ter sofrido com um pesadelo onde um bando de cangurus me perseguiam (não sei por que , pois, minha relação com tais marsupiais, sempre foi respeitosa , durante minhas temporadas australianas} . Fato é que durante meu pesadelo , tentei me safar mergulhando no mar (até onde eu sei , cangurus não nadam ). Não adiantou , pois os cangurus do pesadelo continuaram me perseguindo pulando sobre a água (por incrível que possa parecer ). Em vista disso resolvi parar de sonhar e acordei assustado , interrompendo a interminável perseguição. Ufaaa... ainda bem , porque não tenho a menor ideia do que os cangurus fariam comigo se me pegassem.
Como ia dizendo , iniciando a minha jornada de caminhadas meditativas, ao sair do meu prédio , quase fui atropelado na calçada da esquina por uma senhora (acima do peso) conduzindo uma patinete elétrica de aluguel (acima da velocidade autorizada para pedestres sobre a calçada). Me desviei evitando um acidente que poderia ser “danoso” (para ambas as partes , já que a senhora demonstrou na manobra não ser habilitada no modelo de equipamento motorizado).
-“ Isso aqui não é CICLOVIA !” Gritei inconformado
-“ ... e ISSO NÀO É BICICLETA !” Gritou a senhora acima do peso de volta .
Pensei comigo : “ela está certa”, uma vez que ainda não construíram uma “PATINETOVIA”.
Segui minha , curta e arriscada , caminhada em direção à praia. Lá chegando iniciei a fase inicial da minha caminhada meditativa . Sentindo a brisa fresca marinha e a deliciosa temperatura da água do mar acariciando meus pés ,uma daquelas musiquinhas antigas “chiclete” ( do Ultraje a Rigor) dominaram minha mente entre o som suave das pequenas ondas quebrando e as conversas “paralelas” dos caminhantes praianos nesta manhã radiante sem nuvens. na minha praia predileta. A musiquinha de Roger Rocha Moreira de 1985 (quando o Brasil exigia as “Diretas Já” ) dizia assim :
Daqui do morro dá pra ver tão legal
O que acontece aí no seu litoral
Nós gostamos de tudo, nós queremos é mais
Do alto da cidade até a beira do cais
Mais do que um bom bronzeado
Nós queremos estar do seu lado
Nós 'tamo entrando sem óleo nem creme
Precisando a gente se espreme
Trazendo a farofa e a galinha
Levando também a vitrolinha
Separa um lugar nessa areia
Nós vamos chacoalhar a sua aldeia
Mistura sua laia
Ou foge da raia
Sai da tocaia
Pula na baia
Agora nós vamos invadir sua praia
Mistura sua laia
Ou foge da raia
Sai da tocaia
Pula na baia
Agora nós vamos invadir sua praia
Sua praia
Agora se você vai se incomodar
Então é melhor se mudar
Não adianta nem nos desprezar
(Se a gente acostumar a gente vai ficar)
A gente tá querendo variar
E a sua praia vem bem a calhar
Não precisa ficar nervoso
Pode ser que você ache gostoso
Ficar em companhia tão saudável
Pode até lhe ser bastante recomendável
A gente pode te cutucar
Não tenha medo, não vai machucar
Mistura sua laia
Ou foge da raia
Sai da tocaia
Pula na baia
Agora nós vamos invadir sua praia
Mistura sua laia
Ou foge da raia
Sai da tocaia
Pula na baia
Agora nós vamos invadir sua praia
Oh-oh
Percebi que a praia já estava com movimento acima do normal logo cedo. Ficava claro que a maioria dos frequentadores , não eram locais de Santos (mais conhecidos como “turistas”). As atitudes e vestimentas comprovavam isso. Enquanto meditava sobre o assunto , uma bola de futebol novinha correu na minha direção, na areia dura. Percebi que um garoto de uns 5 anos, corria atras dela com semblante preocupado. Num momento saudoso dos meus filhos nessa idade, segurei a bola para evitar mais correria sob sol quente do garoto preocupado.
Imediatamente entreguei a bola ao menino e reparei um pai a certa distancia , constrangido por ter chutado a bola para o filho , com intensidade superior a necessária, e ao mesmo tempo envergonhado pela atitude do filho em relação a mim .
“- ENDERSON .... pede desculpa pro TIO ! “ Ordenou o pai, com o sotaque da região do agronegócio paulista.
O garoto se abraçou com a bola (certamente presente de Natal)... virou as costas e se afastou sem dizer nada.
Continuei minha caminhada meditativa e atingi a ponte de caminhantes praianos que cruza o Canal 5. A maré estava vazante e nessa situação , o degrau de acesso a ponte fica pouco mais alto todos os dias, porque a areia é devolvida ao mar pela maré.
-“ Nossa que degrau alto. Será que o prefeito daqui não percebeu isso “. Disse a senhora muito bem maquiada para desfilar seu biquini de grife famosa , para o marido ao seu lado, que não respondeu.
Depois de ultrapassar o canal 5, reparei numa nova barraca de praia , muito bem equipada para servir coquetéis alcoólicos variados ostentando bandeiras de muitos países ,inclusive de Israel, Ucrania, Rússia e USA (países envolvidos em guerras) além de outros da moda do Oriente Médio . Me pareceu que os proprietários não estavam lá muito preocupados em tomar partido nessas desavenças internacionais. Afinal estamos no verão brasileiro, onde nossos impostos “bancam “ os custos de vários voos para retirarem das áreas de conflito os brasileiros (ou não) de dupla nacionalidade, que por opção viviam nessas áreas deflagradas.
Mais adiante , depois de várias barracas de praia , inclusive uma delas bastante animada e barulhenta , que ostentava uma única bandeira listrada com todas as cores do arco íris, além de pessoas “economicamente “ vestidas e decoradas por grandes tatuagens. Pareciam estar muito alegres e ambientadas na minha praia predileta.
Cheguei ao canal 6, meu ponto de retorno na caminhada. Agora teria o sol pelas costa naquela manhã. Isso me permitia uma visão mais apurada a distância , sem o sol diretamente nos olhos sem óculos Ray-ban ( uma raridade que me permito contrariando os especialistas oftalmológico. Pura ignorância minha ... reconheço... mas pirata é caolho por construção ).
Ao retornar foquei o olhar a distância e reparei algumas moças espaçadas ao longo do meu trajeto , todas isoladas se contorcendo . Imaginei serem adeptas de exercícios físicos de contorcionismo ou uma nova técnica de YOGA divulgada por alguma “influenciadora da moda” .
Ao me aproximar da primeira “contorcionista” , percebi que era apenas uma moça procurando o melhor ângulo para uma “self” que provaria a todos (quando compartilhada) , além de seus dotes físicos , a sua expressão de felicidade incontida de estar na linda praia . Ao me aproximar , ela me chamou ...
-“ A água dessa praia toda é limpa. Ela é escura porque estamos numa foz de rio , e a areia é mais escura misturada com a terra do rio”. Respondi apontado a entrada do canal do Porto, e completei.
-“ Se a Senhorita quer uma água mais “bonita” , você pode ir para o Guarujá , ali do outro lado do canal. Lá a água é mais “bonita” , porém mais “suja” porque está mais poluída , porque não há lá um emissário submarino que joga esgotos diretamente no mar próximo e não em correntes marítimas que os espalham em alto mar “. Respondi apontando a entrada do canal portuário e depois o píer do emissário submarino de Santos á distância na outra longínqua extremidade da praia de Santos , distante mais de 7 quilômetros.
-“Ahh...obrigado”. Foi a resposta agradecida da moça contorcionista de Self .
Continuei minha caminhada embalada pela música chiclete .... “ Nós vamos invadir sua praia ...”
Diz a história que a famosa operação “Dia D” foi um desembarque anfíbio na costa francesa ocupada pelos nazistas inimigos, realizada pelos aliados liderados USA , junto a Ingleses e Canadenses. Foi uma verdadeira carnificina que reverteu os rumos da Segunda Guerra. A Operação Anfíbia exige um perfeito PPM (Processo de Planejamento Militar ) , para que obtenha sucesso devido a complexidade e diversidade de elementos , envolvida.
Associei aquela movimentação a uma Operação Anfíbia de desembarque numa praia defendida, tal qual o Dia D. Batizei minha situação momentânea de “Invasão do ano A” .
As diferenças entre as operações , eram claras. Na Normandia foi anfíbia , partindo do mar . Já na do ano A, foi aero terrestre apoiada por carros , motos, ônibus e outros veículos , inclusive helicópteros de alguns invasores abastados , partindo principalmente do interior do Brasil . Assim sendo foi uma invasão perpetrada por Forças Aliadas , sem uso da força ( fato que dificulta a “defesa” do território ).
Continuando minha caminhada meditativa, evitando as felizes crianças que desfrutavam as pequenas ondas que quebravam delicadamente na área de caminhada além das bolas de frescobol não rebatidas pelos aprendizes do esporte , lutava mentalmente entre as várias LAs (Linhas de Ação ) de defesa, propostas pelo meu “brainstorm solitário. Todas LAs foram derrotadas pelo teste de AEA (Aceitabilidade, Exequibilidade e Adequabilidade) do meu PPM particular.
Quando atingi a fase final da minha caminhada meditativa, optei por mergulhar no mar para refrescar as ideias. Funcionou !
A musiquinha chiclete que permanecia me embalando mentalmente...aumentou o som na estrofe:
...... Agora se você vai se incomodar
Então é melhor se mudar
Não adianta nem nos desprezar
(Se a gente acostumar a gente vai ficar)
A gente tá querendo variar
E a sua praia vem bem a calhar
Não precisa ficar nervoso.... Agora nós vamos invadir sua praia....
A água estava deliciosa e fria na parte mais funda . Depois de algumas braçadas , interrompi o exercício e fiquei boiando de barriga pra cima isolado , distante da areia . Fechei os olhos curtindo o sol na cara e pensei : “ que delícia ... sou privilegiado .... a minha praia estará aqui por todos os dias da minha vida . Deixa os “invasores “ aproveitarem um pouco .... afinal a “Invasão do ano A”....acontece todos os anos só por poucos Dias Ds ... e é executada por Força Amiga....aliada.
Ouvi um apito distante....abri os olhos e percebi que era o Guarda Vidas do alto da sua cadeira de observação gesticulando autoritário para que eu voltasse para areia, preocupado com meu distanciamento , em função da corrente marítima. Ele está certo . Não sabe que ali estava meditando um “Pirata local”. Voltei nadando e me desculpei com o Guarda Vidas cumprindo sua função.
Feliz Ano Novo pra todos... e Benvindos a minha praia. Aproveitem a *Invasão do ano A"
em segurança.
Eu estava te procurando naquela noite só prá tomar umas e desejar um Feliz Ano Novo...
(mensagem que recebi do meu amigo Sunahara ,,, direto da Austrália )
