Muito orgulho, meu Pai !
Amigos da Pirataria Alada
... meu cordial , Olá
Julho , é um mês marcante pra mim . É o mês da Revolução Constitucionalista de São Paulo comemorada no dia 9. No dia 26 meu Pai , o insubstituível Zé Batista , completava mais um ano de existência
. A família Batista participou intensamente da Revolução de 1932 , com liderança do meu avô Coronel José Batista, na área de Pilar do Sul ( cidade co-fundada por ele , como grande empreendedor do Agronegócio da época ) . Portanto, em julho , comemoro um ano a mais de boas lembranças .
Em toda noite estrelada , busco a Alpha Crux , estrela da
Constelação do Cruzeiro do Sul (que representa São Paulo na bandeira do Brasil ) onde imagino que todos os seres que me são caros e já ” desembarcaram “ , lá habitam! . Nela converso com todos mentalmente ,
principalmente com o Zé Batista ... paizão. Assim , faço neste dia 9 e farei no primeiro minuto de todos os 26 de julho. (coisa de Pirata)
Nesta noite me veio a mente uma letra do compositor “Gabriel
Pensador” , de quem sou fã de carteirinha e me permiti “plagiá-lo” como bom
pirata , criando uma “adaptação “ a sua letra , com o propósito de homenagear o
“meu pai”.
-Tem um celular aí “ copila”?
- Obrigado!
Muitas horas dentro de helicópteros a bordo de embarcações e agora aqui sozinhoEu voo como um pássaro que quer voltar pro ninho
Eu sempre vou e volto feito um bumerangue
Pensei que era o morcego, mas sou eu que sempre dou meu sangue
E é o tempo vampiro que suga tudo
Suga minha alma e me transforma a forma e o conteúdo
E sem escudo eu ofereço a veia e vou sorrindoNão fico mudo, falo e conto o que eu “to” sentindo
E falo tanto entre os meus voos e atropelos
Que nem escuto a voz dos fios brancos dos meus cabelos
A voz das rugas quando o rosto se contrai
Me olho no espelho e cada vez eu vejo mais meu pai
Me lembro de telefonar, saber como ele anda
-Tenho que falar correndo, pai,... 'to decolando
-'Cê volta quando filho?"
- Não sei, mas viajo de novo
- Manda um beijo pra Mami, 'to com saudade do povo'To com saudade de tudo, de comer picanha com ovo
O ovo que cê jogava na frigideira quente
Naqueles fins de semana que você 'tava presente
E de deitar na sua rede como antigamente
E quando você via os gols ou um programa pendente
E de repente gritava com a gente com seu vozeirãoO ouvido doía, mas a gente ria
Eu te imitava e a minha irmã não conseguia
Você calçava a botina, pegava a chave do Bora
E a nossa tarde era na mesa da pizzaria como agora
E o chope sem espuma, sem colarinho
E eu no milk shake, lembro até do barulhinho
Quando eu crescesse eu queria ser que nem vocêAgora eu já cresci e ainda quero ser
Eu tenho a cara do pai e tenho cada vez mais
Eu tenho os olhos do pai e o coração
Quando eu crescesse eu queria ser que nem você
Agora eu já cresci e ainda quero ser
Eu tenho orgulho do pai e tenho cada vez mais
É muito orgulho, meu pai e gratidão
Pai, agora eu decolei, guardei meu celularJá tô no ar, mas não me desliguei
O tempo voa e antes que ele acabe eu volto ao começo
Pra me entender e me reconhecer do pai que eu conheço
E quero conhecer mais, quero curtir meu coroa
Até "ADEUS " te deram, pai, aquela foi boa
Você internado de frente pra um bar
Mas não perdeu a piada nem num momento tão sério
E disse olhando as cervejas do outro lado do muro
"Que enfermaria ótima, filho, com vista pro futuro"Só você mesmo pra fazer a gente rir
E com as enfermeiras em plena enfermaria
Lembrando disso agora eu rio e reavalio
A importância da minha eterna ânsia por mais desafios
Sempre correndo, sempre ocupado nas vias aéreas
Sem perceber que às vezes possa está perdendo a piada
Você me deu um toque eu não parei pra ouvir
Mas não vou esperar meu coração parar
Pra gente se encontrar pra rir, numa UTI
Quando eu voltar vou te ligar pra combinar de almoçar
Com a família na mesa, sem atender o celular
Minha memória viaja, você agora é o piloto
Uns anos mais novo e eu ainda garoto
Pela BR 101 a gente vaiJá veio o réveillon e como é bom viajar com meu pai
E eu vou prestando atenção,
Em como você sabe a hora certa de ultrapassar o caminhão
Você me explica as frases dos para-choques
No toca fitas uma boa MPB ou rock
Calma, Betty, calma
Cada risada que você soltava plantava na minha almaUma semente pro que eu 'to colhendo agora
E vou continuar colhendo depois de você ter ido embora
Me entendendo com o tempo, os ensinamentos
Que você passa até hoje com o seu exemplo
De respeitar as pessoas e ser correto
De ser uma fonte inesgotável de carinho e afeto
De encurtar as distâncias pra ver os amigosE de ser sempre sincero como também foi comigo
Quando me deu um castigo depois da delegacia
E hoje eu vejo que era isso mesmo o que eu queria
Queria achar um caminho e ter você mais perto
Mesmo com a cara fechada, seu coração 'tava aberto
Eu tinha quase morrido
Não tinha medo da morte
Mas sua cara de decepção falou mais forte
Assim morria o meu vício de transgressorVocê matou o "moleque ", pai
E fez nascer o "Pirata" pensador
E muita coisa rolou, te transformei em vovô
Te vi mais frágil e sério em alguns momentos de dor
E enxerguei no teu silêncio o que eu desfaço em mim
Que é uma angústia que parece que não tem mais fim
E mesmo assim a gente brinca o tempo inteiro
E sonho os mesmos sonhos amassando travesseiros
Herdei essa mania, também herdei a teimosia
E não me abro com meu velho como eu gostaria
Quando eu me sinto inseguro como um menino indeciso
Pra escutar a voz do pai que dizia "juízo"
Aquele simples aviso ainda me norteia
Como seu sangue que corre nas minhas veias
Muito obrigado por te me feito nascerPor ter me feito crescer
Por ter me feito que nem você
Por ter me dado vitamina C
Café da manhã, o senso crítico, a ironia
Uns irmãos postiços e uma irmã que se dissolveria...
Por me levar na Pizzaria do Bruno
Por me ensinar a voar e regular “fusca”
Muito obrigado pelo amendoim torrado na esquina
As figurinhas e o álbum
As injeções e o remédio
Os elogios, as notas no boletim do colégio
Por construir as casas que desenhamos
No Paraíso que imaginamos
Por me levar na vó Alice Batista...
e no vô Lauro Barreira
Por eu ser o Pirata, filho do Major Zé Batista...
e da Dona Lya Barreira
Por me levar no hangar pra te ver trabalhar
Por ser o grande mecânico que me fez enxergar
Que a vida é boa e eu não preciso ter medo
Muito obrigado, meu pai, por me contar seus segredos
E confiar em mim, como eu confio em você
Quando eu voltar vou te ligar, ainda tem mais pra dizer
Quando eu crescesse eu queria ser que nem vocêAgora eu já cresci e ainda quero ser
Eu tenho a cara do pai e tenho cada vez mais
Eu tenho os olhos do pai e o coração
Quando eu crescesse eu queria ser que nem você
Agora eu já cresci e ainda quero ser
Eu tenho orgulho do pai e tenho cada vez mais
É muito orgulho, meu pai e gratidão
- Pai, olha o que eu e o Gabriel Pensador fizemos pra você
- Pra mim? Obrigado, aos dois
Foi o que a Alpha Crux me transmitiu numa madruga fria e estrelada de julho
Valeu Gabriel , por me “emprestar” a sua letra , para homenagear o “MEU “ pai.
Um beijo no coração de todos.
- Até qualquer hora Zé Batista . A gente se vê aí na Alpha
Crux