quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Pirata....e o Ano Novo Vulcânico

Amigos da Pirataria Alada 

Feliz 2024 a todos🙏

Definição de Vulcão na internet :

Vulcão é uma estrutura geológica criada quando o magma, gases e partículas quentes "escapam" para a superfície. Eles ejetam altas quantidades de poeira, gases e aerossóis na atmosfera, interferindo no clima. São frequentemente considerados causadores de poluição natural.


Próximo a virada de ano , me lembrei de um festejo desse tipo que tive a oportunidade de comemorar ao lado de um vulcão ativo, na Ilha de Barren,  próxima da Índia. Foi uma  festa no mínimo ...."exótica".

Mas antes disso, a minha experiência com vulcões começa na Europa , mais especificamente na Itália (berço de vários), com o famoso "Vesúvio" , e seus estragos adjacentes .

A bordo da Nau Karima, operando um novíssimo AS 350B2 (o Seababoon) , durante uma temporada de verão europeu, depois de curtirmos várias ilhas gregas e o mar Adriático pela costa da Croácia e Servia Montenegro, estabelecemos Base em Capri próximo a costa Amalfitana , já no mar Tirreno , do outro lado da "bota". 

Nosso ponto de apoio aéreo era o Aeroporto Internazionale di Napoli, onde eu faria o transporte de proprietários e convidados entre avião e a Nau Karima. Me tornei " íntimo " da torre de Napoli tal a quantidade de vezes que fazia pousos naquele movimentado aeroporto turístico, com um pequeno helicóptero visual , interferindo no intenso tráfego de grande aviões comerciais além da grande quantidade de jatos executivos , ou seja, eu era um "estorvo" para a paz aérea no aeroporto . Some-se a isso minha inexperiência internacional de tráfego aéreo na Europa me comunicando por meio do meu inglês "macarrônico" com italianos , voando um pequeno helicóptero francês,  de matrícula das Bermudas. Era uma salada internacional no auge do verão europeu ao lado do deslumbrante vulcão Vesúvio. A cada voo eu ficava fascinado com o visual do majestoso vulcão , mesmo já tendo sobrevoado o de Stromboli na chegada ao mar Tirreno, cruzando o estreito de Messina.

Entre um proprietário e outro , resolvi dar uma de turista e fui visitar o Vesúvio e seu estrago na famosa Pompeia. Estava acompanhado do fiel escudeiro Humberto (mecânico do Seababoon) e outros tripulantes do Karima. Subimos o Vesúvio a pé por uma trilha turística apoiados por um cajado típico de "trilheiros". O cansaço e calor intenso não impediram a surpresa do visual na borda da cratera . É um visual impressionante. Na parte da tarde fomos conhecer o estrago causado por ele, a cidade histórica de Pompeia e seus cidadãos mumificados pelas cinzas expelidas pelo Vesúvio na catastrófica erupção de 79 D.C.

Depois de várias temporadas na região deslumbrante , num dos voos para buscar convidados no aeroporto de Napoli , decolei da Nau Karima e chamei a torre :

"Napoli..VP-BFL...Buon giorno...from Capoli to Napri...500 feet...15 minutes for landing instructions".

" VP-BFL ... NAPOLI..it's not Napri, it's NAPOLI....it's not Capoli, it's CAPRI....free approach and stay in the east sector of the runway next to the tower.". 

Respondeu a torre sem muita paciência.

"Sorry NAPOLI, ... I'm Brazilian flying a French helicopter of Bermuda license , speaking English in Italy....it was my fault... VP-BFL ...500 feet in orbit east of the tower ". Tentei amenizar.

"stay on stationary flight beyond the tower".

Foi a ordem que recebi em tom de impaciência. Resolvi cumprir para evitar maiores "danos". Foi o último pouso daquela temporada. Conclui que a torre de Napoli não me queria mais interferindo no tráfego aéreo dele. Depois em outra temporada nos falamos de novo , quando vindo de Roma com destino a Salerno e fui obrigado a chamar o Controle Napoli . Fomos cordiais. Ele chegou a dizer “benvenuto brasiliano”, entre uma transmissão e outra em inglês.

Outra experiência importante com os vulcões foi na Indonésia , país também repleto deles, porém um em particular chama a atenção , o “Tambora”.

De acordo com a internet :

O monte Tambora é um estratovulcão ou vulcão complexo ativo, na ilha de Sumbawa, Indonésia, com 2 722 m ou 2 850 m de altitude. A ilha de Sumbawa é flanqueada tanto ao norte como ao sul por crosta oceânica e o Tambora foi formado pelas zonas de subducção ativas sob ele.  

Voltávamos de Komodo (a ilha dos dragões de Komodo ) quando fundeamos para ver um espetáculo da natureza : o sobrevoo dos morcegos gigantes de Satonde. Foi um espetáculo indescritível de milhares de morcegos ao pôr do sol. No dia seguinte observando a majestade do monte Tambora , o meu chefe propôs um sobrevoo. Topei na mesma hora. Partimos o Seababoon e decolamos sozinhos. Ascendemos a 12 mil pés entre nuvens esparsas até visualizar a cratera do majestoso vulcão. Reduzi a velocidade e me aproximei da cratera devagar . Fomos (o chefe e eu) de uma emoção natural por sobrevoar a enorme cratera de um vulcão daquela magnitude. Pareceu a nos haver uma área praticamente plana dentro da cratera próxima a um pequeno lago , provavelmente formado por água da chuva empoçada .

“você acha que dá para pousar dentro da cratera ?”. Ouvi a proposta do chefe.

“ acho que dá, vamos testar a consistência do solo”. Respondi emocionado pela possibilidade.

Baixamos para 10 mil pés com velocidade de 40 nós. Entramos na cratera e procurei uma área mais plana para testar um pouso leve nos esquis. Não havia vento dentro da cratera. Encontrei uma área que avaliei boa para o teste . O cheiro de enxofre e o calor aumentavam a emoção. Quando reduzi a velocidade e puxei o coletivo , percebi que a aeronave não respondia ao comando de reduzir a razão de descida . Quando atingi o limite de torque soou o alarme me avisando. Levei um susto e me lembrei que estava a 10 mil pés , mesmo vendo o solo para pouso tão próximo. Imediatamente me dei conta que precisava aumentar a velocidade para obter sustentação translacional e para tanto comecei a aumentar a velocidade , com muito cuidado usando o cíclico mantendo o torque no limite . Tive que arremeter voando no grande círculo da cratera ganhando metro a metro de altitude até atingir a borda.

“o que você está fazendo?”. Perguntou o Chefe decepcionado ao meu lado.

“Estou tentando sair do vulcão. Caso contrário, se pousarmos, não vamos conseguir sair . Estamos a 10 mil pés , com ar  rarefeito , muito quente e sem vento ! “. Respondi sem tirar os olhos dos instrumentos no limite de torque.

Mantivemos silencio a bordo até cruzar a borda da cratera devagar e mergulhar no ar fresco .

“Essa foi por pouco “. Comentei aliviado.

“se não desse para decolar , a gente deixava o helicóptero lá e sairíamos a pé”. Foi o único comentário do Chefe. 

Preferi não responder pensando : “ realmente seria facílimo ...descermos 2.850 metros , de bermuda e tênis no meio da floresta da ilha de Sumbawa , na Indonésia”.

Não pousamos na cratera formada pela maior erupção já ocorrida no nosso planeta  em 1815 , segundo alguns ou a segunda maior , segundo outros especialistas no assunto , mas pousamos no Karima em segurança carregando uma emocionante lembrança.

Rodamos pelo mundo e chegamos na Índia num final do ano de 2009 . Mais especificamente em Port Blair no arquipélago de Andaman Nicobar , região atingida pelo “big” tsunami de 2004 no Indico.

Essa temporada de Índia tem muito a ser dito que em outra oportunidade contarei as particulares desse exótico país.  No momento o que nos interessa é a festividade de passagem de ano a bordo do Karima , ao lado do vulcão ativo de Barren. 

Na internet achei esta referencia :

“O vulcão da Ilha Barren é o único ativo da Índia e ficou adormecido por 150 anos antes de mostrar sinais de 'atividade intermitente' em 1991”. 

Pois bem. Foi fundeado ao lado dele em “atividade intermitente” que fizemos uma bela festa com a tripulação a pedido de convidados familiares de um dos proprietários. Foi uma festa com tudo que tinha direito.


 Muita música , muita comida , muita bebida , alguns adereços de festa muita alegria e um convidado inesperado. Ao invés de queima de fogos , pudemos comemorar a chegada da nova década (2010) com as intermitentes atividades do Barren ao nosso lado que de 30 em 30 segundos  soltava uma baforada “ sonora e fumacenta”. No começo assustava, mas no “andar da carruagem “movida a álcool , acabou sendo divertido. A cada explosão , era mais um motivo de brinde.... e haja brinde como deve ser a mudança de ano com os votos de feliz ano novo.








Assim sendo .

Felizes próximos anos a todos  .... começando por este 2024.

Tim Tim


 🍺🍺🍺🍺🍺

 





Agora , sem vulcões por perto

estaremos juntos

Feliz  2024  pra todos

                        🍺🍺🍺🍺🍺

8 comentários:

  1. Você descreve tão bem as situações que vivenciou que chega a passar a emoção para quem lê. Sensacional! Que venham mais histórias. Fiquei fã do Pirata Alado.

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    1. Minha cara "Unknown".
      Obrigado pelo elogio.
      A vida sem "emoções" se torna apenas um "exercício físico" de sobrevivência. Se consigo "passar" emoção com minhas "letras agrupadas"...me sinto recompensado.
      Histórias (ou estórias) virão sempre que me emocionarem ... e eu prometo compartilha-las para alegrar a vida de quem se interessar por elas.
      Bom saber que tenho , pelo menos 1 fã. Me sinto honrado por isso.
      Fique bem e continue se emocionando.
      Beijo no coração

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  2. Kkk...virar monumento em Tambora seria mesmo uma grande efeméride alada! Quase hein.. Um abraço e um Feliz 2022, de preferência longe de vulcões.

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    1. Caro amigo e fiel leitor Compa.
      Sempre fui atraído pelo "poder natural" que os vulcões representam. Tive o privilégio de ter a oportunidade de conhecer de perto alguns...e aproveitei a oportunidade de me tornar mais "íntimo" deles...mas daí a me tornar "monumento" em um deles , vai uma grande distância. Eles merecem respeito ... assim como as "máquinas voadoras" que usamos como ferramentas. As máquinas também sofrem quando são "negligenciadas e abusadas", portanto devemos respeitar ambos , vulcões e máquinas...afinal , nós humanos é que somos emotivos ... não eles.
      Forte e filosófico abraço :-)

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  3. Respostas
    1. Obrigado "Unknown".
      Feliz serei...como sempre fui...a diferença é o numero do ano que vai mudar.
      Estaremos felizes juntos (pelo menos aqui nesses espaço literário)
      Sincero abraço do Pirata (cuidado com o gancho da mão esquerda)

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  4. Boa história... cheia de emoções.
    Grande abraço.
    Wilson P. Troianni

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    1. Grande mestre Wilson P.
      As aventuras borbulham por tempos internamente e são expelidas , tal qual um vulcão , quando menos se espera. Assim , a passagem de ano foi o gatilho que disparou o processo de "erupção aventureira".
      Que bom que gostou da história e se emocionou. Sem emoção as histórias se tornam apenas "causos".
      Saudade da Confraria e do papo amigo.
      Obrigado pelo comentário.
      Forte abraço do Pirata ( cuidado com o gancho da mao esquerda )

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Estou tentando regularizar "os comentários postados"
Solicito que os comentários tenham identificação no próprio texto.
Obrigado.👍👍
Pirata Alado