sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Pirata... Corsários e Villegagnon

 



Amigos da pirataria alada....meu cordial olá

Depois de uma caminhada meditativa após a leitura do livro “Piratas do Brasil” (presente de aniversário da minha filhota ) , meditando sobre a minha “ignorância “ anterior a leitura, resolvi fazer este post “didático” sobre o assunto . Para tanto fui aprimorar meus conhecimentos na internet.

Para que todos saibam a diferença entre Corsário e Pirata  :



É importante fazer a distinção entre corsário e pirata. Os piratas agiam ilegalmente em tempo de guerra ou de paz, sem qualquer regra, sem pertencer a reis ou a qualquer governo. Ao contrário, os corsários agiam de acordo com seu soberano, exclusivamente em período de conflito.

 ...ou seja... Piratas eram seres “livres” de qualquer liderança oficialmente constituída . (roubavam por conta própria (tipo ,,,”anarquistas”) já os Corsários eram paus mandados roubando em nome de seus nobres “soberanos " que dominavam Reinos e Impérios Europeus (tipo ...”políticos”). Os dois , Piratas ou Corsários , tinham em comum o fato de , além de roubarem , necessariamente serem “ bons marinheiros “!

Dito isso, passemos a ver , o que é dito na internet sobre a Ilha de Villegagnon :

 






O almirante francês Nicolas Durand de Villegagnon era de Provins, Seine-et-Marne, na França e nasceu em 1510, vindo a falecer em Beauvais-en-Gâtinais em nove de janeiro de 1571. Ele foi um diplomata e cavaleiro da Ordem de Malta que ganhou notoriedade pela fundação de uma colônia de exploração francesa no litoral brasileiro, a Ilha de Villegagnon.


Localizada no interior da baía de Guanabara, a Ilha de Villegagnon fica na capital do Rio de Janeiro. Os indígenas a haviam dado o nome de Ilha de Sergipe, já os portugueses deram-lhe o nome de Ilha das Palmeiras. Seu nome atual deriva da época em que os franceses exploraram a região. O almirante francês Nicolas Durand de Villegagnon chegou na ilha em 1555 e construiu o Forte Coligny. Nesta época os descobridores franceses tentavam estabelecer a França Antártica no Brasil.

Este tipo de invasão ocorreu no período colonial, mas não foram apenas os franceses que tentaram cravar sua bandeira em território tupiniquim, diversas incursões estrangeiras de ingleses e holandeses também fizeram suas tentativas e, em muitos casos, obtiveram êxito, como nas invasões holandesas no nordeste brasileiro.



Durante a ocupação da Ilha de Villegagnon, calvinistas e colonos protestantes realizaram o primeiro culto da Santa Ceia nas Américas. Após este episódio, Nicolas Villegagnon os participantes obrigando-os a declararem os termos de sua fé. Este episódio ficou conhecido como Confissão da Guanabara. No dia 24 de março de 2007, um marco foi inaugurado na ilha em homenagem a tais acontecimentos históricos.




Em 1560 chegaram reforços da Capitania de São Vicente. Liderados por Mem de Sá, os grupos de soldados portugueses aportaram na ilha e iniciaram um conflito com os franceses. Os lusos conseguiram destruir a fortaleza e fizeram os franceses abandonarem Villegagnon e procurarem refúgio junto aos Tamoios. Para selar o domínio português na região, foi celebrada uma missa portuguesa na Ilha.


Os franceses somente foram expulsos de forma efetiva em 1567, em um embate que teve a participação de Estácio de Sá, fundador da cidade do Rio de Janeiro. Temendo novas tentativas de domínio de outras nações, a ilha foi fortificada pelos portugueses no ano de 1733. Foi o início da construção da Fortaleza de São Francisco Xavier da Ilha de Villegagnon, iniciada após a destruição do monte das Palmeiras.

Assim que o Brasil se tornou independente, a Ilha de Villegagnon foi transferida para a Marinha. Em 1843, o local tornou-se sede do Corpo de Imperiais Marinheiros. No século XX, precisamente do ano de 1935, a Marinha do Brasil iniciou as obras da Escola Naval, que foi inaugurada em 1938.

 https://historiadorioparatodos.com.br/timeline/1555-chegada-de-villegagnon/

De posse das definições acima , publicadas na internet por historiadores e tendo aumentando o meu próprio cabedal cultural por meio da leitura do presente da minha filhota, caminhando pelas areias que testemunharam muitos dos fatos descritos, no que foi um dia a Capitania de São Vicente/Santo Amaro, criadas em 1534 , depois que o Tratado de Tordesilhas fui implantado em  1494 (antes do descobrimento “oficial” do Brasil ), uma conclusão me assaltou (no bom sentido) : “ Os interesses de Poder e a ganância do ser humano, aliadas as “crenças religiosas “ foram o embrião do que chamamos hoje de “Sociedade Brasileira”. As tripulações Corsárias eram compostas além de marinheiros , por combatentes e... religiosos (de acordo com as crenças que os “nobres” pretendiam disseminar.) Todos buscavam “valores “... dos outros !

(curiosidade sobre o " a Linha do Tratado de Tordesilhas" publicado pelo Pirata Alado , no site abaixo)
 

Os valores da época de colonizações católicas eram ,além de metais e pedras preciosas que sustentariam as disputas europeias ,as iguarias orientais . Daí a busca frenéticas pelo “caminho das Índias marítimo”, evitando os caminhos terrestres dominado pelos “mulçumanos”. Essa busca frenética impulsionou o “descobrimento oficial” de várias colônias  que já seriam de conhecimento dos antigos Vikings , considerados “pagãos “ e depois convertidos ao catolicismo após invasão da Inglaterra criando os povos de origem “Anglo Saxão”,(reconhecidamente bons marinheiros).

As terras das Américas serviriam a todos propósitos europeus. Ricas em ouro, prata , grandes extensões cultiváveis , produtoras de iguarias (açúcar )além de geograficamente, excelentes paradas logísticas em busca das rotas marítimas (sejam em sentido horário ou anti-horário em relação ao meridiano de Greenwich.

O Brasil no século XVI , como Colônia Portuguesa já chamava atenção pelas descobertas de filões de ouro  pelos “ Bandeirantes “ que saíram em busca da prata descoberta nas colônias espanholas a noroeste (o Peru , principalmente . A prata sul-americana foi importante para os espanhóis, pois as Américas produziam muito mais do que a Europa. A prata era usada para comprar mercadorias da Ásia e financiar o expansionismo do Império Espanhol. ) . Além da prata , os Bandeirantes buscavam índios que pudessem ser escravizados, barateando o custo na aquisição de escravos importados da África. O lado bom desta história é que os Bandeirantes , rompendo a “linha do Tratado de Tordesilhas “ acabaram ampliando as fronteiras da colônia portuguesa , O Brasil ! (coisa de piratas terrestres ).

Com todo esse sucesso, a colônia portuguesa além mar virou um lugar atrativo para qualquer tipo de Pirata ,  O inglês Thomas Cavendich foi um dos primeiros , seguido pelo franceses Jean François Du Clerc e René Duguay-Trouin ...muitos outros de diferentes nacionalidades andaram pisando na nossa terra até chegarmos ao nosso Nicolas Durand de Villegagnon.

Para nós , marinheiros piratas / corsários , além dos franceses Villegagnon ...Du Clerc ...Dugay Trian , há os ingleses James Lancaster e , particularmente  Lord Cochrane , de quem já comentei no post abaixo ...

https://pirataalado.blogspot.com/2021/10/piratae-o-lorde-cochrane.html

...estes históricos piratas / corsários construíram as bases que sustentam as atitudes daqueles que hoje se formam nas Escolas de Piratas de Villegagnon .... da qual eu me orgulho de ter sido formado “Profissional do Mar “ (mais conhecido como "Bacharel em Ciências Navais " ou popularmente Oficial de Marinha "). Sabemos como defender nosso território de piratas/corsários estrangeiros . Sabemos como eles agem . 










Homenagem a 

ESQUADRA de PIRATAS do BRASIL





quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Pirata... e os " japoneses "



Amigos da pirataria alada ... meu cordial こんにちは -Kon'nichiwa (olá em japonês)
Hoje , depois de uma noite mal dormida acordei com a barulheira de um caminhão velho, coletor de lixo . Assustado , corri até a janela e vi o veículo  soltando fumaça , prestando serviço a Prefeitura com seus funcionários numa correria ao lado do caminhão , pegando os sacos de lixo , deixados na madruga sobre a caçada ( já que não há lixeiras apropriadas disponibilizadas pela própria Prefeitura). A maioria dos sacos plásticos , já haviam sido abertos por moradores de rua em busca de latinhas , que renderiam alguns centavos em empresas de reciclagem. Era uma cena triste . Por algum motivo , me perguntei calado :
- Será que no Japão, a coleta de lixo é semelhante a essa aqui no Brasil ?
Por que imaginei essa comparação do Brasil com , particularmente , Japão ?  Não sei ! Talvez porque eu não conheça o Japão. Os outros de “primeiro mundo”  eu conheço e não são assim ... mas e o Japão ?  Fui pesquisar .
Na internet , Japão assim é descrito :
O Japão, país insular no Oceano Pacífico, tem cidades densas, palácios imperiais, parques nacionais montanhosos e milhares de santuários e templos. Os trens-bala Shinkansen conectam as principais ilhas: Kyushu (com as praias subtropicais de Okinawa), Honshu (onde ficam Tóquio e a sede do memorial da bomba atômica de Hiroshima) e Hokkaido (famosa como destino para a prática de esqui). Tóquio, a capital, é conhecida por seus arranha-céus e lojas e pela cultura pop. ― Google

Não falava nada sobre a coleta de lixo , e eu também não queria mais saber. O caminhão soltando fumaça já havia ido embora , deixando parte do lixo espalhado na calçada diminuindo o barulho. Tomei um cafezinho , acendi um cigarrinho e fiquei observando o mar da minha janela , num dia ensolarado e pensando nos imigrantes que trocaram o Japão , pelo Brasil , em tempos mais difíceis por lá.

Me lembrei do meu relacionamento com alguns descendentes destes imigrantes e suas famílias.

Meu primeiro contato com os japoneses  foi  , quando ainda criança, com a família Kanayma, chegada ao Brasil em 1953, imigrantes do pós Segunda Guerra. Eles eram agricultores vizinhos do sítio do meu pai em Pilar do Sul , e produziam uvas de excelente qualidade. Na época da colheita , ofereciam ao vizinho brasileiro algumas caixas de uva , como demonstração da boa vizinhança. Meu pai aprendia muitas coisas com o Velho Kanayma , sobre agricultura além dos hábitos japoneses e acabaram se tornando amigos... e eu adorava as uvas. O tempo passou e a amizade entre os dois foi transferida para o céu. Os sítios dos dois vizinhos em Pilar do Sul , se tornaram “loteamentos “ não resistindo ao “boom imobiliário” que assola o país.
Durante a minha adolescência, quando cursava o ginásio, no IEDOM (Instituto de Educação Dr Otavio Mendes ) que era um colégio estadual em São Paulo, no bairro de Santana, fiz amizade com um exótico” meio” japonês ... o Wilson Masako. Meio japonês , porque ele era "hafu", ou seja , pai japonês e mãe afro-brasileira. Assim sendo o Wilson herdou a disciplina do pai e o gingado da mãe.

Como o Wilson dominava um batuque legal , num “tamborzinho “, resolvi convencê-lo a formar uma dupla comigo , para nos apresentarmos. Ele topou , em nome , da nossa amizade . Havia um pequeno problema na nossa dupla : Eu ... não tocava nem ... “campainha de residência “,

Em 1965 , uma dupla fazia sucesso nas rádios . Leno e Lilian, cantavam “Pobre Menina “.

   https://www.youtube.com/watch?v=f7HVJfbENEw

No arranjo da música havia uma “batidinha” com um pandeiro  (daqueles sem tampa) ,,, do tipo “tcham .. tcham”. Essa seria a minha função musical na dupla , além é claro do “vocal” juntamente com o Wilson . ( a humildade não me permite falar do sucesso estrondoso da nossa apresentação 😇 ).

O tempo passou , perdi contato com meu amigo , meio japonês , mas guardo deliciosas lembranças da convivência com a família do Wilson.

Em 1970, resolvi estudar para entrar na Marinha e para tal , meu pai me matriculou no curso Almirante Werneck, em São Paulo. Nas primeiras aulas conheci um outro “meio japonês “; o Vagner Leão Taketani. Este era filho do seu Sadao Taketani  executivo da “FIAT LUX” e da dona Amélia Leão ( costureira das Damas da Elite Paulistana ).Nos tornamos amigos inseparáveis e passamos a estudar juntos , dia e noite .

A dedicação aos estudos era total , a ponto dos meus pais duvidarem da minha dedicação , uma vez que passava mais tempo na casa do Taketani ,do que na minha casa. O único momento de descanso que nos permitíamos , era no horário das novelas, pegar o GALAXI , do seu Sadao e darmos um “rolé” na rua Augusta a bordo do GALAXI , só pra descontrair. As vezes “algumas pilotas dos outros veículos” no sentido contrário da Augusta tinham seus olhares captados pelo GALAXI , cor de vinho, conduzido pela dupla “nipo -brasileira”  de garotos . Era divertido.

O concurso para o Colégio Naval chegou. As provas de Matemática, Português e História / Geografia foram programadas para três dias na “icônica” Escola Estadual Caetano de Campos”, no centro de São Paulo.

A Escola Estadual Caetano de Campos é uma escola pública estadual na cidade de São Paulo fundada no ano de 1846, inicialmente em um prédio contíguo à Catedral da Sé, a escola chegou a ser extinta duas vezes e mudou também de prédio. Em 1875 instalou-se junto à Escola de Direito do Largo São Francisco e posteriormente foi transferida para a rua da Boa Morte, permanecendo até 1894 quando foi para a Praça da República onde ficou até 1977.

O concurso  começou no Brasil inteiro , com uma quantidade muito grande de candidatos que concorriam a cerca de 150 vagas. Começaram as provas pela Matemática ( a mais exigente) no mesmo dia e horário evitando qualquer tipo de fraude. Era assim que o Brasil funcionava em 1970 sob regime democrático controlado por Presidentes Militares,  pertencentes a um dos dois partidos existentes (ARENA, da situação e MDB da oposição) , que eram eleitos de forma indireta , ou seja , pelos representantes do povo ( deputados) que eram eleitos por votação direta. Os eleitores tinham o direito de votarem , se quisessem,  nos seus representantes( semelhante ao que ocorre  até hoje na maior democracia do mundo , os Estados Unidos da América). Não eram “obrigados “ a votarem, como o “direito brasileiro” de hoje “ que obriga “, o eleitor a votar ( segundo a “Constituição Cidadã”, promulgada em  1988, pelo Presidente da República , eleito indiretamente pelo“ MDB “, partido de oposição ).

Depois de 4 horas de realização da primeira prova sobraram apenas alguns poucos candidatos. Meu amigo Taketani e eu, éramos dois desses poucos que se encontraram na calçada da Praça da República , quando o último dos candidatos , um japonês , saiu da sala e veio ao nosso encontro.

- Meu nome Stuguo Sunahara, sou de Paraná...né!  ... vamos conferir algumas questões?

Depois das apresentações e cumprimentos formais , passamos a conferir as nossas respostas , relativas as questões da prova aplicada . Depois de um longo tempo de conferência , o Taketani expos o pensamento que àquela altura era comum entre nós três :

- Uma coisa é certa ... ou nós três tiramos boas notas nessa prova eliminatória , ou ...nós três nos ferramos !!!

Nas outras provas percebemos que a quantidade de candidatos havia diminuído e as nossas conferencias após o fim da prova mostravam resultados semelhantes.

No final das provas uma coisa me parecia inquestionável : “havíamos nos tornado... bons amigos “ ( eu ... e os dois japoneses ).


A lista de aprovados foi publicada no jornal “ Estadão “ de São Paulo no final do ano . Entre os aprovados na parte teórica do concurso , constavam os nossos nomes (bem classificados). Restava o exame médico físico , além do psicotécnico. Estes seriam realizados em Angra dos Reis ( cidade de difícil acesso , em 1971, para os aprovados em São Paulo), sede do Colégio Naval. Para tanto a Marinha cedeu um ônibus do Colégio Naval, que nos transportaria de São Paulo até Angra dos Reis. Foi uma viagem histórica para todos os candidatos aprovados na teoria em São Paulo. 


Descobrimos depois que o apelido do ônibus que nos transportou era “GELEIA” ( acredito que a razão do apelido seriam as condições mecânicas do antigo e rodado  , meio rodoviário oferecido. Admiti que;...a prioridade da Marinha , eram embarcações !
 Meios de transporte terrestre...eram prioridade do Exército !).  

Partimos de São Paulo alegres com despedida de familiares orgulhosos. Seria a primeira oportunidade daqueles “adolescentes” se tornarem “homens” , num ambiente onde ouvi alguém se referir como : “ é o lugar onde o filho chora ... e a mãe não vê “.( pensamento um tanto radical ... mas não distante da realidade ).

A primeira parada (não planejada) , ainda na Dutra, foi causada por um aquecimento no radiador , que obrigou uma espera de manutenção resolvida pelo “marujo” motorista que nos acalmou : 

- Agora não vai mais ferver . Vamos começar a descer a Serra ... é só soltar na “banguela” que refresca o motor. Pra baixo... todos os Santos ajudam...garotada !!!

Ficamos tranquilos . Afinal era um cara da MARINHA . Nós estávamos tentando uma coisa difícil , que ele já tinha conseguido : entrar para a Marinha. Só fiquei meio preocupado  com as condições do freio da... GELEIA ! ... mas isso seria problema pra depois ....Começamos a descida da Serra pela estradinha cheia de curvas de mão dupla que liga Barra Mansa a Angra dos Reis. Chegamos a Lídice (na RJ-155).

 O marujo motorista parou em frente  a um “boteco “ de beira da estrada e anunciou :

- Ok garotada ! vamos fazer uma parada para resfriar os freios . Podem comer alguma coisa no boteco. Meia hora de parada ! Aproveitem para beber alguma coisa. 

Eu e o Sunahara descemos para beber um refrigerante !


Nos anos 70 havia um refrigerante chamado “CEREJINHA” . Era uma garrafinha de vidro escuro e “gordinha”, semelhante ao recipiente da cerveja mais vendida na época , a “ BRAHMA CHOPP barrigudinha” .

No boteco pouco iluminado, eu pedi uma Coca-Cola . O Sunahara pediu  ( com seu sotaque japonês) ao homem do outro lado balcão:


-Boa tarde. Por favor uma “CEREVEJINHA”.



Sem falar nada , o dono do bar trouxe as garrafinhas e nos serviu em copos simples de bar , enquanto Sunahara e eu brindamos a viagem que chegava ao fim naquele fim de tarde que já escurecia.
 Dei um belo gole na minha Coca Cola e o Sunahara no que seria a sua deliciosa CEREJINHA ... não era !!!...
Era uma cervejinha BRAHMA Chopp...de embalagem semelhante.
 Ao sentir o gosto ...meu amigo japonês se revoltou .
Depois de algum debate , sobre o “mal-entendido”...tudo se resolveu .

Chegamos à noite no Colégio Naval e fomos alojados .

No dia seguinte , iniciamos os testes . Numa das salas de aula , sentei próximo ao Sunahara.
 Num dos testes , nos era solicitado desenhar “uma mulher “. Desenhei a mulher , de forma simples e caricata com traços rápidos. Ao terminar dei uma olhada no desenho do Sunahara ! Fiquei pasmo ! A “mulher dele” ... andava numa praia , de biquíni , com cabelos esvoaçantes ...levantando a água com movimentos precisos. Fiquei preocupado ! A “mulher dele” era uma obra de arte... e a” minha mulher “ era um rascunho de criança de jardim e infância . Pensei :

- Se o nível técnico exigido para entrar pra MARINHA é esse ...acho que serei reprovado !

Não fui. Nós três amigos , Sunahara , Taketani e eu , fomos aprovados tanto no psicotécnico e nos testes físicos.

Em 1971 , a Marinha do Brasil divulgou a lista dos aprovados por classificação para iniciarem suas vidas com o número de identificação ( NIP) que nos acompanharia por toda nossa vida .



Em 1976 nos formamos  Guardas Marinha ,na Escola Naval no Rio de Janeiro fazendo parte da Turma Aspirante Conde. No ano seguinte  fizemos a viagem de instrução a bordo do Navio Escola Custódio de Mello. e nos formamos Oficiais de Marinha.
Na Marinha , passados mais de 30 anos na ativa , nos tornamos conhecidos como :

Comandante ( engenheiro naval ) SUNAHARA
Comandante (eletrônico ) TAKETANI
Comandante (aviador naval) BARREIRA 

Hoje, como Veterano Pirata Alado (metido a “blogueiro amador”), gostaria de reverenciar , tanto o Japão e sua milenar cultura , assim como toda colônia japonesa que imigrou para o Brasil  , representada pelos meus amigos brasileiros , descendentes dessa cultura oriental.
Meu carinhoso Arigatô .

Aos Kanaymas : Obrigado pela amizade e ensinamentos agrícolas ao meu Pai . ...e pelas uvas deliciosas que desfrutei.
Aos Masakos pais e ao filho, meu amigo Wilson, parceiro de dupla e colega de tempos adolescentes... seja lá por onde andam !



Aos Taketanis ... 
eterno agradecimento por terem me acolhido como , quase , um membro da família. Particularmente ao Vagner , meu irmão por opção, ... que siga em paz na  "Alpha Crucis" onde , todos os meus queridos , acredito estarem nos observando, quando nos deixam.








Aos Sunaharas... 
na pessoa do meu amigo Stuguo, ... o meu respeito, admiração e carinho por tudo.




Finalizando e comemorando  no dia 7 de setembro de 2024 , os 202 anos da Independência do Brasil , publico abaixo uma obra de arte produzida pelo Aluno Sunahara do segundo ano escolar do Colégio Naval em 1972, que reproduz o “histórico” desfile comemorativo dos 150 anos do “grito de Independência “ proferido por nosso antigo Imperador Pedro I , às margens do Ipiranga , em São Paulo.


Naquele longínquo 1972  , eu e meus amigos japoneses , desfilamos garbosamente por toda Avenida Paulista , empunhando pesados fuzis sob aplausos esfuziante de todos , representando orgulhosamente o Colégio Naval , da Marinha do Brasil !!!



Tim ... Tim ... aos "Nipos -Brasileiros "



TURMA de paulistanos que participaram da
Histórica viagem da GELEIA