Amigos da Pirataria Alada
Feliz 2024 a todos🙏
Definição de Vulcão na internet :
Vulcão é uma estrutura geológica criada quando o magma, gases e partículas quentes "escapam" para a superfície. Eles ejetam altas quantidades de poeira, gases e aerossóis na atmosfera, interferindo no clima. São frequentemente considerados causadores de poluição natural.
Próximo a virada de ano , me lembrei de um festejo desse tipo que tive a oportunidade de comemorar ao lado de um vulcão ativo, na Ilha de Barren, próxima da Índia. Foi uma festa no mínimo ...."exótica".
Mas antes disso, a minha experiência com vulcões começa na Europa , mais especificamente na Itália (berço de vários), com o famoso "Vesúvio" , e seus estragos adjacentes .
A bordo da Nau Karima, operando um novíssimo AS 350B2 (o Seababoon) , durante uma temporada de verão europeu, depois de curtirmos várias ilhas gregas e o mar Adriático pela costa da Croácia e Servia Montenegro, estabelecemos Base em Capri próximo a costa Amalfitana , já no mar Tirreno , do outro lado da "bota".
Nosso ponto de apoio aéreo era o Aeroporto Internazionale di Napoli, onde eu faria o transporte de proprietários e convidados entre avião e a Nau Karima. Me tornei " íntimo " da torre de Napoli tal a quantidade de vezes que fazia pousos naquele movimentado aeroporto turístico, com um pequeno helicóptero visual , interferindo no intenso tráfego de grande aviões comerciais além da grande quantidade de jatos executivos , ou seja, eu era um "estorvo" para a paz aérea no aeroporto . Some-se a isso minha inexperiência internacional de tráfego aéreo na Europa me comunicando por meio do meu inglês "macarrônico" com italianos , voando um pequeno helicóptero francês, de matrícula das Bermudas. Era uma salada internacional no auge do verão europeu ao lado do deslumbrante vulcão Vesúvio. A cada voo eu ficava fascinado com o visual do majestoso vulcão , mesmo já tendo sobrevoado o de Stromboli na chegada ao mar Tirreno, cruzando o estreito de Messina.
Entre um proprietário e outro , resolvi dar uma de turista e fui visitar o Vesúvio e seu estrago na famosa Pompeia. Estava acompanhado do fiel escudeiro Humberto (mecânico do Seababoon) e outros tripulantes do Karima. Subimos o Vesúvio a pé por uma trilha turística apoiados por um cajado típico de "trilheiros". O cansaço e calor intenso não impediram a surpresa do visual na borda da cratera . É um visual impressionante. Na parte da tarde fomos conhecer o estrago causado por ele, a cidade histórica de Pompeia e seus cidadãos mumificados pelas cinzas expelidas pelo Vesúvio na catastrófica erupção de 79 D.C.
Depois de várias temporadas na região deslumbrante , num dos voos para buscar convidados no aeroporto de Napoli , decolei da Nau Karima e chamei a torre :
"Napoli..VP-BFL...Buon giorno...from Capoli to Napri...500 feet...15 minutes for landing instructions".
" VP-BFL ... NAPOLI..it's not Napri, it's NAPOLI....it's not Capoli, it's CAPRI....free approach and stay in the east sector of the runway next to the tower.".
Respondeu a torre sem muita paciência.
"Sorry NAPOLI, ... I'm Brazilian flying a French helicopter of Bermuda license , speaking English in Italy....it was my fault... VP-BFL ...500 feet in orbit east of the tower ". Tentei amenizar.
"stay on stationary flight beyond the tower".
Foi a ordem que recebi em tom de impaciência. Resolvi cumprir para evitar maiores "danos". Foi o último pouso daquela temporada. Conclui que a torre de Napoli não me queria mais interferindo no tráfego aéreo dele. Depois em outra temporada nos falamos de novo , quando vindo de Roma com destino a Salerno e fui obrigado a chamar o Controle Napoli . Fomos cordiais. Ele chegou a dizer “benvenuto brasiliano”, entre uma transmissão e outra em inglês.
Outra experiência importante com os vulcões foi na Indonésia , país também repleto deles, porém um em particular chama a atenção , o “Tambora”.
De acordo com a internet :
O monte Tambora é um estratovulcão ou vulcão complexo ativo, na ilha de Sumbawa, Indonésia, com 2 722 m ou 2 850 m de altitude. A ilha de Sumbawa é flanqueada tanto ao norte como ao sul por crosta oceânica e o Tambora foi formado pelas zonas de subducção ativas sob ele.
Voltávamos de Komodo (a ilha dos dragões de Komodo ) quando fundeamos para ver um espetáculo da natureza : o sobrevoo dos morcegos gigantes de Satonde. Foi um espetáculo indescritível de milhares de morcegos ao pôr do sol. No dia seguinte observando a majestade do monte Tambora , o meu chefe propôs um sobrevoo. Topei na mesma hora. Partimos o Seababoon e decolamos sozinhos. Ascendemos a 12 mil pés entre nuvens esparsas até visualizar a cratera do majestoso vulcão. Reduzi a velocidade e me aproximei da cratera devagar . Fomos (o chefe e eu) de uma emoção natural por sobrevoar a enorme cratera de um vulcão daquela magnitude. Pareceu a nos haver uma área praticamente plana dentro da cratera próxima a um pequeno lago , provavelmente formado por água da chuva empoçada .
“você acha que dá para pousar dentro da cratera ?”. Ouvi a proposta do chefe.
“ acho que dá, vamos testar a consistência do solo”. Respondi emocionado pela possibilidade.
Baixamos para 10 mil pés com velocidade de 40 nós. Entramos na cratera e procurei uma área mais plana para testar um pouso leve nos esquis. Não havia vento dentro da cratera. Encontrei uma área que avaliei boa para o teste . O cheiro de enxofre e o calor aumentavam a emoção. Quando reduzi a velocidade e puxei o coletivo , percebi que a aeronave não respondia ao comando de reduzir a razão de descida . Quando atingi o limite de torque soou o alarme me avisando. Levei um susto e me lembrei que estava a 10 mil pés , mesmo vendo o solo para pouso tão próximo. Imediatamente me dei conta que precisava aumentar a velocidade para obter sustentação translacional e para tanto comecei a aumentar a velocidade , com muito cuidado usando o cíclico mantendo o torque no limite . Tive que arremeter voando no grande círculo da cratera ganhando metro a metro de altitude até atingir a borda.
“o que você está fazendo?”. Perguntou o Chefe decepcionado ao meu lado.
“Estou tentando sair do vulcão. Caso contrário, se pousarmos, não vamos conseguir sair . Estamos a 10 mil pés , com ar rarefeito , muito quente e sem vento ! “. Respondi sem tirar os olhos dos instrumentos no limite de torque.
Mantivemos silencio a bordo até cruzar a borda da cratera devagar e mergulhar no ar fresco .
“Essa foi por pouco “. Comentei aliviado.
“se não desse para decolar , a gente deixava o helicóptero lá e sairíamos a pé”. Foi o único comentário do Chefe.
Preferi não responder pensando : “ realmente seria facílimo ...descermos 2.850 metros , de bermuda e tênis no meio da floresta da ilha de Sumbawa , na Indonésia”.
Não pousamos na cratera formada pela maior erupção já ocorrida no nosso planeta em 1815 , segundo alguns ou a segunda maior , segundo outros especialistas no assunto , mas pousamos no Karima em segurança carregando uma emocionante lembrança.
Rodamos pelo mundo e chegamos na Índia num final do ano de 2009 . Mais especificamente em Port Blair no arquipélago de Andaman Nicobar , região atingida pelo “big” tsunami de 2004 no Indico.
Essa temporada de Índia tem muito a ser dito que em outra oportunidade contarei as particulares desse exótico país. No momento o que nos interessa é a festividade de passagem de ano a bordo do Karima , ao lado do vulcão ativo de Barren.
Na internet achei esta referencia :
“O vulcão da Ilha Barren é o único ativo da Índia e ficou adormecido por 150 anos antes de mostrar sinais de 'atividade intermitente' em 1991”.
Pois bem. Foi fundeado ao lado dele em “atividade intermitente” que fizemos uma bela festa com a tripulação a pedido de convidados familiares de um dos proprietários. Foi uma festa com tudo que tinha direito.
Felizes próximos anos a todos .... começando por este 2024.
Tim Tim
🍺🍺🍺🍺🍺
Agora , sem vulcões por perto
estaremos juntos
Feliz 2024 pra todos
🍺🍺🍺🍺🍺