quinta-feira, 18 de julho de 2024

Pirata ... e a RMB

 Amigos da Pirataria Alada meu mais respeitoso olá 

O tom respeitoso do cumprimento social é porquê venho , emocionado , tratar de assunto sério. 

Para quem não conhece , a sigla RMB: Ela se refere a Revista Marítima Brasileira. Essa publicação centenária ( publicação oficial mais antiga do Brasil ) me honrou , de novo , com a publicação de mais um artigo deste Veterano Pirata.

Como nós dois ( RMB e o Pirata Alado ) somos já bastante idosos, tivemos que nos modernizarmos,  em função da evolução tecnológica comunicativa pela qual passamos. 

O Pirata virou " blogueiro " ... e a RMB , além da forma tradicional de encadernação em papel, agora está disponível acessada no formato digital por meio do site Instagram abaixo 

https://www.instagram.com/p/C9iZrfJpYdP/?igsh=dnAydnEybjJtaXJh

Dito isso, emocionado com a publicação do meu artigo na coluna 


" O LADO PITORESCO DA VIDA NAVAL " , 

https://www.instagram.com/p/C-VjLhAgBgw/?igsh=YzljYTk1ODg3Zg==

da RMB V. 144 n. 04/06 abril/junho 2004 neste mês de julho de 2024  (de tantas recordações para mim ) e como " blogueiro amador " , ter atingido a marca de 30 mil acessos em grande parte do mundo, resolvi publicar o texto original ,(que deu origem a edição séria e publicado pela RMB),  acrescido de algumas fotos dos eventos descritos no texto intitulado : A influência do Tamandaré 

Assim sendo amigos leitores , lá vai o texto "piratesco" :

A influência do Tamandaré

Em 1945, a II Guerra Mundial havia chegado ao fim em setembro e a alegria 
contagiava o mundo, na parte dos “Aliados”, da qual o Brasil fazia parte,

Meu pai, José Batista, era um “caipira” do interior de São Paulo que havia se alistado no Ministério da Aeronáutica no fim da guerra, se tornando um Sargento especialista em motores, fazendo parte das tripulações de “Catalinas Anfíbios” que patrulhavam nossa costa em busca de submarinos alemães, que afundavam nossos navios mercantes. 
Meu pai foi condecorado com a medalha “Campanha do Atlântico Sul” e se orgulhava muito, além de contar  estórias de afundamento de alguns submarinos por navios da Marinha, que escoltavam os comboios mercantes.

Minha mãe, Lya Barreira, “carioca da gema”, normalista do Instituto de Educação, filha de importante advogado do partido Integralista e ativista que foi exilado em Portugal por Getúlio Vargas, junto com Plínio Salgado.

Em junho de 1946, os dois se conheceram num baile no Tijuca Tenis Clube (Clube
fundado em 11 de junho de 1915 em homenagem a Batalha Naval do Riachuelo e palco em 1973, do meu “Baile do Espadim”), quando então o vitorioso Sargento aeronáutico fardado, conquistou o coração da bela letrada educadora e se casaram indo morar, inicialmente em Curitiba e posteriormente no Parque de
Aeronáutica de São Paulo, conhecido como Campo de Marte”.
                      
Essa união gerou um filho, nascido em 1954 no hospital do Campo de Marte, que lá viveu por 8 anos da infância ouvindo o som de motores e vendo pousos e decolagens das diversas “máquinas de guerra “, sobras do grande conflito mundial.
Em determinado momento, meu pai se tornou oficial especialista chefiando um setor de manutenção do que havia se tornado a FAB (Força Aérea Brasileira). Tive oportunidade de voar muito nesta época pegando carona nas aeronaves em inspeções ou transportando autoridades.
Meu pai passou para reserva se tornado Piloto Executivo de uma Empreiteira, o que possibilitou que me ensinasse a pilotar um avião durante deslocamentos aéreos sem passageiros ou patrões.
Aos 15 anos, naturalmente disse ao meu pai que queria ser “piloto” prestando concurso para a EPCAR (Escola Preparatória de Cadetes da Ar).
- Você pode ser o que quiser ... menos ser PILOTO!” Foram as palavras definitivas
e surpreendentes do meu pai (que já falecido levou com ele a razão de ter dito isso
sem nunca me contar).
No auge da minha adolescência revoltada, e sabedor da admiração do meu pai
pela Marinha, respondi de bate pronto:
“- Então tá!...vou prestar concurso para o Colégio Naval!! “. Meu pai sorriu e
aprovou minha decisão revoltosa.
Como bom “paulistano”, eu nunca havia pisado numa embarcação no mar (a
única experiência aquática havia sido num “pedalinho “no Parque do Ibirapuera,
em São Paulo), quanto mais, num navio de guerra.
Estudei com afinco e passei no concurso para o Colégio Naval. Meu pai ficou feliz!
Ele esqueceu (e eu não sabia) que a Marinha também voava.
Em 1972, já aluno veterano do CN, já iniciava a minha futura carreira “literária”,
como diretor do GINGILIN (jornaleco produzido pelos alunos), sabedor da
existência da Aviação Naval, eu estava feliz no meu primeiro embarque em um
navio de guerra, para uma viagem de instrução com destino a Santos. 

Era “o Tamandaré “
 Cruzador, um dos mais poderosos navios da Esquadra brasileira, na época.

Embarcamos em Angra dos Reis. Fomos recebidos no convés com mensagem de
boas-vindas do Comandante do navio e fomos direcionados ao alojamento que
nos abrigaria nos próximos dias. Uma “tabela” de serviços a bordo foi distribuída
aos alunos embarcados. Nela, minha primeira função seria na Praça de Máquinas.
Fiquei feliz, dado as minhas vivências com meu pai na área de manutenção de
motores no Campo de Marte, e para lá me dirigi. Depois de meia hora sob o
barulho dos enormes motores a caldeira e do insuportável calor gerado por eles,
eu já pensava em desistir da carreira, quando um Fuzileiro Naval apareceu, em
meio ao calor e a barulheira e apontou para mim indicando para sairmos ao ar
livre. 


Já no convés, disse:
“- Aluno Barreira ... me siga ...o Comandante quer falar com você! “.
Minhas pernas tremiam pensando e seguindo o Naval do Tamandaré.
“- O que foi que eu fiz de errado para o Comandante do Tamandaré me chamar? “
Caminhamos e subimos muitas escadas até entrarmos num corredor de piso
muito limpo e brilhante em temperatura agradável. Paramos numa porta que havia
escrito “Câmara”.
O naval bateu levemente ... e entrou. Segurou a porta indicando que eu entrasse.
Entrei e o “Naval “saiu, prestando continência. A porta foi fechada e observei um
Capitão de Mar e Guerra de cabelos brancos imponente, portando uma “cigarreira
acesa “me observando (parecia um NETUNO fumante).
“- Aluno Barreira ... sente-se “...apontando uma poltrona do confortável ambiente.
Disse o Comandante se acomodando na poltrona à frente.
Olhei a plaqueta de identificação daquele “Netuno” à minha frente e congelei.
Nela estava escrito “BARREIRA”
O CMG José Maria Barreira da Fonseca, iniciou a conversa sem preâmbulos.
“Quem são seus pais ...Aluno?”
“- Meu pai é o Zé Batista... oficial da FAB, .... e minha mãe é a Lya Barreira “. Disse
ainda confuso.
Senti o clima mudar completamente por parte do “Netuno” a minha frente que
puxou uma forte tragada na sua piteira, soltando uma grande baforada ...
pensativa.
“- Você é filho da Lya? Não vejo sua mãe desde quando casou e se mudou para
São Paulo há muitos anos. Somos primos e curtimos muito a nossa juventude na
casa do seu bisavô em Barra de São João . Como ela está? “
A partir daí relaxei a ponto de, ainda nervoso, pedir um cigarro ... ao “primo”.
O papo em família continuou e culminou com a minha promessa de convencer a
minha mãe, no Natal, visitá-lo no Rio, onde eu conheceria as três primas, filhas do
Comandante. Nos despedimos e ganhei alguns cigarros ao deixar a Câmara do
Tamandaré.

No Natal de 1972, conheci as minhas três primas de terceiro grau. Me apaixonei 
por uma, a Alice Maria Barreira. Dessa união familiar nasceu um casal “puro sangue”.

Nossos filhos : Denis, netos de um oficial especialista em motores da FAB ...e de um, ex-comandante de Cruzador da Marinha, que na hora de decidir a vida escolheu cursar Engenharia Mecânica Aeronáutica no ITA



 
e nossa filha Daniela, que optou 
pela Arte se tornando Designer pela UNESP, seguindo as características artísticas da mãe.
Eu agora, como feliz Veterano Aviador Naval, seguindo a influência “do Tamandaré“ na minha vida... criei um personagem literário ... e me tornei um contador de estórias amador, no Blog:

“Aventuras do Pirata Alado”.



Desta forma , por dever de justiça,  agradeço:

 Ao meu amigo  Pirata  Honorário CMG Carlos Marcello Ramos e Silva
 editor da RMB por ter me proporcionado mais essa alegria.

Ao meu mestre e sogro CMG José Maria Barreira da Fonseca,
  que acredito hoje , ser  um dos inquilinos da Alpha Crux.

A toda minha querida família,  pelo simples fato de existirem...
 e finalmente...

A todos que me honram com vossa leitura 

Fiquem todos em Paz e sejam felizes. 

Assinado

Pirata Alado☠️






18 comentários:

  1. Muito obrigado...querido sobrinho.
    Qualquer hora a gente se vê

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  2. Como sempre...muito legal

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    1. Querida " Anônimo "...mais conhecida do público em geral como " Sereia ".
      Obrigado pelo comentário ( mesmo que " suspeito " ... partindo de você ...uma das minhas "inspiradoras "....
      Um beijo Pirata..

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  3. Que maravilha de texto, Comandante! Me fez viajar no tempo, já que naveguei em muitas dessas águas, a começar pelo Campo de Marte!
    Realmente, o Sr. tem o dom para escrever, assim como para voar!
    Parabéns pelos filhos! Parabéns por esse dom da escrita e obrigado por nos brindar com essas leituras fantásticas!

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    1. Caro amigo Volgarelis
      Obrigado , novamente, pelos sinceros elogios. Isso me emociona e envaidece. No entanto
      , escrevo para me divertir e divertir quem quiser lembrar de passagens inusitadas dessa vida . Me surpreende saber que além de divertir , por vezes desperto emoções e lembranças semelhantes...de lugares comuns .
      Obrigado pelo comentário.
      Forte abraço..meu amigo

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  4. Grande Pirata Alado e Nauta das antigas, Amigo da MB, fico lisonjeado com esta homenagem que aborda toda uma trajetória de vida, pois que Deus continue lhe concedendo este feito e Vc nos prestigie sempre com suas histórias vividas que tanto nos trazem lembranças de um passado glorioso que tivemos, BRAVO ZULU!!!
    Forte Abraço 🤗 GALVÃO

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    1. Meu caríssimo amigo Galvão
      Todos nós " nautas" temos nossa trajetória de vida semelhante. Se ELE me concede este feito...me sinto agradecido. Passamos momentos de "questionamentos profissionais" muito " estranhos "...e se os amigos acham que devo lembrar o passado glorioso que nossa " classe profissional " escreveu no nosso país... já me sinto relializado como cidadão. Assim me sinto em PAZ....e desejo à todos o mesmo. Nosso país merece .
      Obrigado pelo comentário.
      Curta a vida.
      Fraterno abraço...meu querido amigo

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  5. Como dizia seu colega de habilidades literárias, " A vida é a arte do encontro....etc"

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    1. Grande Compa.
      Quê qui é isso ? ... me chamar de colega do proprietário da frase sobre a " arte do encontro"....aí é demais....
      ... nesse caso , me sinto a vontade de citar outro " colega "... e dizer :
      " - menos Fernandinho...menos ... "
      Valeu meu amigo Compa.
      Obrigado pelo comentário.
      Fraterno abraço Pirata Alado

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  6. Zé Barreira, bom ler mais um dos teus textos, com sua história.
    Comento somente para suplementar tua frase sobre a qualidade de vida de um homem.

    Eu penso que o que define a vida dele e de todos é onde eles chegaram.
    A caminhada de cada um é a responsável pelo seu maior ou menor número de histórias e estórias a contar.

    E cada um as conta, desde que tenham capacidade para isto... rsrs

    Forte Abraço, 70ão

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    1. Caro Petras.
      Obrigado pelo comentário.
      Respeito qualquer " pensamento " , mesmo não concordando as vezes.
      Não sou " dono da verdade ", nem pretendo ser " influencer"... só sou contador de histórias ( por vezes, satirizo transformando história em estória , para me divertir ). Ainda não me proibiram de pensar ( e de escrever besteiras ).
      Não discuto nada.
      Não acredito , nem em " Papai Noel "... mas respeito o " bom velhinho ".
      Me sinto honrado e agradecido quando alguém lê os meus textos e se emocionam. Se gostam ?... fico feliz. Se não gostam? .. fico tranquilo ... ( filosoficamente admito a diversidade de pensamentos.. só não admito a IMPOSIÇÃO de pensamentos alheios.)
      Me sinto feliz ...sendo um " Pirata Alado".
      Bom tê-lo a bordo.
      Relaxa e... aproveita a vida. ( o relógio não para!)
      Forte abraço " campanha ".

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  7. Que história, Josezinho!!!! Adorei!!! Tô aqui rsrsrs!!!

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  8. 🫨Ohhh! " Amiguinha " na área!😀
    Seja bem vinda à bordo!
    Fazia tempo ... ontem o "papo de boteco " foi muito bom . Que bom que gostou ... volte sempre.
    Beijo..

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  9. VC está se superando em seus textos...
    Um abraço saudoso a VC e felicidades a sua família..
    Um abraço também ao colega de Mariz e Barros.. Marcelo... grande parceiro de um nosso amigo comum ..Miranda Vieira..
    Sucesso a todos
    Plínio

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    1. Grande e fraterno amigo Pirata Plinião.
      Bom tê-lo a bordo novamente.
      Boa lembrança do nosso querido Pirata Mironha!!! Ele deve estar curtindo as besteiras do Pirata Alado... lá de cima .
      Muito obrigado pelo comentário carinhoso. A família Barreira agradece.
      O abraço ao Marcello da Nau Mariz e Barros será transmitida.
      Um saudoso e fraterno abraço...meu amigo

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Estou tentando regularizar "os comentários postados"
Solicito que os comentários tenham identificação no próprio texto.
Obrigado.👍👍
Pirata Alado